Comunicação e cooperativas
Texto: Redação Revista Anamaco
Comunicação e cooperativas foi o tema escolhido por Marcelo Crescenti, jornalista brasileiro, que vive há 30 anos na Alemanha, e editor-chefe de uma revista especializada no varejo supermercadista e de abastecimento. O palestrante marcou presença no Encontro Febramat 2019, evento que está sendo realizado pela Federação Alemã de Redes e pela Federação Brasileira de Redes Associativistas de Materiais de Construção (Febramat), no Hotel Holiday Inn Anhembi, em São Paulo, até amanhã, 08 de novembro.
Em sua apresentação, Crescenti falou sobre como se fazer uma comunicação interna e externa nas Redes de associativismo. O palestrante destacou temas como representação, integração e ação. Dessa forma, dividiu a palestra em “Representação: a voz do setor”, quando explicou a comunicação como meio para alcançar objetivos do setor como um todo. Segundo ele, geralmente, cada empresa é uma voz, tem uma opinião e um interesse específico, mas é possível entrar em um consenso porque o setor tem interesses comuns. “A opinião de um setor sempre vai valer mais do que a de um empresário sozinho”, frisou.
Sendo assim, ter uma representação tanto política, como frente ao mercado é muito importante, mesmo que as nuances de opiniões sejam diferentes, mas é preciso ter uma voz que fale pelo todo. Ele lembrou que há a Federação, que sabe das opiniões e do consenso, sendo a responsável por falar com a área política, enquanto a Rede fica incumbida de se comunicar com o mercado.
Lembrando que sua palestra tem como base o que acontece na Alemanha, Crescenti observou que a representação deve acompanhar a política econômica em nível federal, estadual e municipal, ficando atenta quais os interesses do setor e o que, por ventura, pode estar sendo desenhado e que possa ir contra os interesses do segmento. “É muito importante ter um diálogo com a classe política. E fazer um lobby, no sentido positivo da palavra, para defender os interesses de um setor. Essa é a comunicação do segmento para a economia e para a política”, destacou.
O jornalista citou alguns dados sobre o associativismo no Brasil, como R$ 11,8 bilhões de faturamento anual, 55,4 mil empregados e 2.368 estabelecimentos comerciais, o que evidencia o poder econômico do cooperativismo brasileiro. Ele destacou que isso deve ser divulgado para a mídia e para a política saberem do peso do segmento porque esse é um argumento muito importante e os dados do setor têm muito valor.
Para exemplificar como é possível fazer uma comunicação eficiente, apresentou um anuário que fez na Alemanha, com artigos sobre temas setoriais, explicando o posicionamento do segmento quanto à legislação e apresentando todas as empresas que estão na Federação. Toda essa comunicação foi voltada para o setor financeiro e para a política. “A revista é enviada para todos os bancos da Alemanha e para todos os deputados para atrair a atenção deles para esse setor”, explicou.
Há, ainda, o diálogo interno na Rede, que funciona como um meio de interação entre as associadas. Segundo ele, essa medida serve para que as empresas compreendam que os problemas são comuns e que elas não estão sozinhas. Ele reforçou que a grande vantagem da Rede é que ela une os empresários, que têm problemas semelhantes.
Ter uma representação política e com mercado é muito importante, mesmo que as nuances de opiniões sejam diferentes. Em uma Rede é preciso ter uma voz que fale pelo todo
Em outro momento, explicou como a integração, uma forma de diálogo interno, que já acontece na Febramat e é importante na comunicação. Crescenti observou que é importante criar grupos para trocar experiências de uma maneira canalizada; criar grupos de trabalhos em diversos níveis hierárquicos; convidar especialistas para encontros sobre temas específicos; fazer networking para criar contatos com outros associados; realizar congressos, encontros e conferências anuais; participar de eventos setoriais. “As redes têm a responsabilidade de conectar as pessoas”, ressaltou.
Por fim, a ação: mensagem unificada para o mercado. O palestrante explicou que a Rede pode ajudar na estratégia de comunicação com o consumidor e lembrou que as associações têm mais do que a função de negociar com os fornecedores. Elas podem ajudar os associados a chegar aos seus objetivos de marketing, de comunicação e de promoção de vendas. “Quando uma empresa faz campanha publicitária, tem de ter uma ideia, ser criativo, ter um público alvo e evitar se dispersar”, ensinou.
Segundo ele, a Rede pode assumir a função de dar suporte, promovendo marcas existentes, criando marcas próprias, centralizando decisões, orçamentos e processos criativos. “A Rede é uma potência em todos os aspectos da vida empresarial, inclusive na comunicação. Usem sempre o princípio ‘Um por todos e todos por um’. Isso não significa dizer que um faz por todos, mas que há um consenso do que se vai fazer por todos e participação ativa de todos os membros”, finalizou.
Fotos: Grau 10 Editora