A ascensão das mulheres no matcon - Revista Anamaco

Cenários Anamaco

A ascensão das mulheres no matcon

Texto: Redação Revista Anamaco

Em 08 de março, data em que se comemora o Dia Internacional da Mulher, a diretora de Redação da Revista Anamaco/Grau 10 Editora, Beth Bridi, foi uma das convidadas da Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção (Anamaco) para participar de mais uma live da série Cenários Matcon, conduzida pelo diretor de Comunicação da entidade, Átila Lira.
Com o tema “A ascensão das mulheres no matcon”, participaram do evento, também, a diretora da Associação dos Comerciantes de Material de Construção (Acomac) da Grande Curitiba e sócia proprietária da Matergi Materiais de Construção, Elenise Gipiela, e a proprietária da J. Monte, Jeosé Noronha Monte.
Em discussão a crescente relevância das mulheres no mercado de trabalho e econômico, as discussões iniciaram-se com o destaque, por Lira, de pesquisa realizada pelo Sebrae que aponta que 24 milhões de mulheres estão à frente de negócios próprios no Brasil, número que não chegava a 8 milhões em 2014. 
Para as participantes da videoconferência, esta é uma realidade que pode ser observada, também, no setor de material de construção, predominantemente masculino e no qual as mulheres vêm ganhando espaço. “Muitas mulheres estão em um negócio familiar, atuam com maridos, irmãos, mas elas trataram de se especializar, estudar, buscar conhecimento para que pudessem realmente conquistar espaço. Ter 24 milhões de mulheres à frente de seus negócios é fruto de uma organização, investimento em educação e cultura”, afirmou Beth, lembrando que ser dona do negócio faz com que alguns desafios sejam superados no mercado de trabalho, mas que há muita desigualdade de cargos e salários no nosso setor, embora esteja melhorando.

As mulheres são mais produtivas, cuidadosas e detalhistas e deveriam ter a preferência na contratação

Na opinião de Beth, diferentemente do passado, há muitas mulheres gestoras, nas áreas de vendas, atendimento e isso é uma evolução nas lojas de material de construção, que não é mais aquele depósito. A presença das mulheres, segundo ela, permitiu um aprimoramento do ponto de venda, com gestão mais diversa e humanizada.
A J. Monte, que nasceu como um depósito de cimentos, é um exemplo dessa transformação. Jeosé, que convive com o universo masculino em casa e no trabalho observa as mudanças ocorridas ao longo do tempo. “De inicio, tínhamos três funcionários e quando começamos a desenhar um cenário de loja, abriram-se vagas e busquei mulheres para trabalharem comigo. Lembro de uma candidata que estava grávida e tinha receio de não conseguir o emprego, mas eu não via a gravidez como um problema. Depois, eu percebi que havia preconceito em relação a isso, mas tomei como bandeira”, explicou.
Hoje, com mais de 30% de mulheres no quadro de funcionários, a diretora da J. Monte ressalta que elas são muito bem aceitas, desempenham muito bem suas funções e a maternidade não impede de serem excelentes profissionais.
Em trajetória um pouco diferente, Elenise segue o caminho da mãe e da tia, que já estavam à frente da empresa. “Cresci em um ambiente em que as mulheres já eram empoderadas. Sempre fomos respeitadas. As mulheres são a maioria dos funcionários e meu avô sempre dizia que as mulheres são mais produtivas, cuidadosas e detalhistas e deveriam ter a preferência na contratação”, disse.
No que se refere à Acomac, Elenise ressaltou as muitas conquistas em termos de melhoria dentro das empresas, aspectos que também leva para seu negócio, para sair de uma zona de conforto e pensar sempre no próximo passo. “Um dos principais fatores para isso é buscar conhecimento, observar as tendências de mercado, buscar novas formas de viver, o que pandemia ensinou muito”, comentou.

Maternidade e carreira

Lira chamou a atenção para os fatores que levam mulheres a se destacaram em posições de liderança e a opinião geral é a de que gênero e maternidade não são impedimentos para a carreira. “Falamos de pessoas e o mais importante é unir características diferentes de homens e mulheres. A maternidade me tornou melhor executiva e não seria a empresária que sou se não tivesse um marido que também ajudava a trocar fraldas. A mulher se adapta às suas responsabilidades e leva isso para o ambiente corporativo, diferente do homem que não tem exatamente esse papel social”, frisou Beth.
A diretora da Revista Anamaco destacou que, em geral, possuem mais escolaridade do que os homens, uma mão de obra preparada e as questões pessoais impedem esse desenvolvimento e a sociedade perde com isso. “A mulher está conseguindo ser valorizada, consegue ser excelente profissional, mas ainda há um caminho a ser seguido para chegarmos ao equilíbrio”, disse.
Para Jeosé, não há receitas para tratar o assunto maternidade, mas acredita que um filho é sempre bem vindo e sempre se encaixa no contexto. “Os funcionários sabem que vibramos com a vinda dos filhos e torcemos que também cresçam como profissionais. O trabalho também não é obstáculo para estudar. É uma questão de organização”, analisou, destacando a importância de se interessar e ir atrás do conhecimento.
Tendo se tornado mãe depois dos 40 anos, a diretora da J. Monte disse ter sido uma escolha e exigiu reorganização. “Somos o que plantamos. Nos tornamos exemplo também”, comentou, lembrando que muitas mulheres fazem parte do mundo da construção civil. Na concepção de Elenise, a empresa é uma extensão da família e esse relacionamento tem de ser humanizado e a mulher apoiada em todos os momentos.
Outro ponto levantado por Lira foi o relacionamento das executivas com a cadeia de fornecimento. “Mostrando nossos valores, conquistamos o respeito da sociedade e dos fornecedores. Muitos fabricantes estão conosco há muitos anos e ficam contentes com nossas conquistas. Também nos bancos, temos relacionamentos e parcerias e nos ajudam a realizar alguns projetos. A receita é ser transparente, assim conquistamos respeito e evitamos preconceito”, disse. “Capacidade, valores e preparo não têm gênero”, completou Lira.

A mulher está conseguindo ser valorizada, consegue ser excelente profissional, mas ainda há um caminho a ser seguido para chegarmos ao equilíbrio

Na etapa final do encontro, as convidadas ressaltaram a capacidade das mulheres, a necessidade de se prepararem e os benefícios que o ambiente diverso pode trazer. “As mulheres podem ser mães e galgar novos degraus, crescer no setor e construir sua vida no matcon. Buscamos competências e tem muito campo a ser conquistado”, concluiu Beth.
Para Elenise, a mulher deve se permitir estar no mercado de trabalho, dar pausa para ser mãe, se especializar e, com determinação, buscar conhecimento para conquistar espaço no mercado de trabalho. “No setor, a mulher dá um ar mais humanizado, de empatia e compaixão, tornando o universo mais tranquilo. Se permita realizar seu sonho, porque você é capaz”, completou Elenise.
Jeosé chamou a atenção para a igualdade de oportunidades e o campo fértil para o desenvolvimento de grandes profissionais. “O cliente padrão vem mudando e hoje é uma mulher de meia idade, que está montando sua primeira ou segunda casa, ela decide. Então por que não ter mais mulheres profissionais, que tragam essa visão feminina e as peculiaridades para esse universo? A superação tem valor pessoal”, finalizou.

Foto: Adobe Stock

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