Adaptação ao novo normal - Revista Anamaco

Covid-19

Adaptação ao novo normal

Texto: Redação Revista Anamaco

Dando continuidade à série Talks, a Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção (Anamaco) reuniu, hoje, três empresários para tratar do tema “Como se adaptar ao ‘novo normal’ das necessidades e perfil dos consumidores no canal varejo”.
Participaram da videoconferência Jeosé Monte, sócia e diretora financeira da J. Monte (PI); Fernando Domingues, diretor de Marketing da AkzoNobel; e Vinicius Ventorim, diretor Executivo da Politintas (ES).  O bate papo foi medidado por Waldir Abreu, superitendente da entidade.
A grande tônica do debate foi a adaptação às novas exigências impostas pela pandemia. O maior desafio das empresas foi aliar segurança, lojas fechadas, distanciamento social, necessidade de vender e novos canais para comprar. “O primeiro momento foi de perceber como o consumidor está mudando e o que isso significa para os negócios”, disse Domingues.
A AkzoNobel desenvolveu diversas medidas durante as restrições da pandemia, não só para manter os negócios, como para apoiar profissionais da pintura, do varejo e os consumidores. “O destaque foram os canais não presenciais. Lançamos o marketplace, aumentamos os investimentos e a interação nas redes sociais para mostrar o que podemos fazer para que a sociedade e as pessoas se adaptem ao novo estilo de vida e para se inspirarem, para melhorar a qualidade de vida”, explicou o diretor da empresa.
Com as lojas recém-abertas, Jeosé contou como a empresa se reinventou diante do fechamento do comércio por mais de cem dias, o que exigiu rapidez na ações de enfrentamento. “Tinhamos um comércio eletrônico que estava engatinhando e foi mais rapidamente montado, reforçamos as redes sociais, mas o que realmente deu certo foi o relacionamento, que é muito importante. Montamos o delivery, agora um drive-thru e nos adaptamos às vendas por telefone, whatsapp e site”, explicou.
A diretora da J. Monte ressaltou que este é um momento de reflexão, de planejamento de medidas que antes não havia tempo de ser feito. “Isso se reflete na autoconstrução, no aumento das vendas de cimento, as pessoas estão se movimentando”, disse. “Tudo isso vai trazer mudanças, que irão fomentar o setor e o lojista precisa estar preparado”, completou.

 JEOSÉ MONTE                         FERNANDO DOMINGUES 
Adaptação também foi a realidade na Politintas. Isto porque, apesar de já contar com canais virtuais ativos, a empresa precisou se apressar para atender à demanda. “Inicialmente, registramos queda, mas fomos calibrando com o passar das semanas”, contou Ventorin. Com as lojas abertas sob restrições definidas em protocolos sanitários, o diretor da empresa revela que vem tendo o desafio de prestar atendimento consultivo, com distanciamento social, máscara e sem manuseio de leque de cores. “Muitos clientes não entendem e os vendedores estão reaprendendo a atender. Antes, o atendimento era feito em mesas”, destaca.
Ventorin reconhece que a autoconstrução é uma necessidade no País, que não tem a cultura hobbista, e acredita que o comércio eletrônico será facilmente incorporado ao dia a dia das pessoas. A opinião é compartilhada pelo diretor da AkzoNobel, ao afirmar que o isolamento social levou as pessoas a fazerem pequenos reparos, mas as grandes pinturas ficam a cargo dos profissionais.
A situação dos pintores foi um dos temas citados por Domingues, uma vez que sofreram com a queda da demanda, diante dos riscos de contaminação pelo coronavirus. A AkzoNobel fortaleceu seus programas de treinamento, associando-os a medidas sociais em favor desses profissionais.
Para o diretor da Politintas, os pintores possuem papel importante na cadeia de valor do setor. “Os vemos como empreendedores e os tratamos como profissionais e parceiros de negócios, eles não precisam de assistencialismo. Precisamos subir a régua e tratarmos como profissionais”, avaliou.
Também para Jeosé, os pintores são empreendedores e possuem uma mensagem a passar. “Eles têm muita sabedoria, mesmo não tendo muito estudo. A troca de informação é muito importante. Com formação prática e teórica, podemos fazer a diferença. A mudança inspira”, disse. “O profissional precisa estar preparado porque o consumidor tem uma expectativa que precisa ser atendida”, disse. “Tão importante quanto o pintor, o vendedor também precisa estar preparado”, complementou Domingues.
A qualificação dos profissionais do varejo é um dos objetivos da Anamaco, que trabalha um programa de certificação de varejistas, que prevê o treinamento de vendedores na aplicação dos produtos comercializados nas lojas, para que possa ajudar melhor o consumidor.

 VINÍCIUS VENTORIM                                WALDIR ABREU 
Outro ponto debatido durante a videoconferência foi o papel da pintura na melhoria da qualidade de vida das comunidades carentes. Para Domingues, pintar a casa, especialmente a fachada, é uma forma de levar dignidade às pessoas e um passo importante para transformar uma favela em comunidade. “Vemos, pelo programa Tudo de Cor, que quando a parede externa é pintada, tudo melhora, a segurança, a limpeza, a violência e as crianças voltam a brincar na rua”, destaca.
Ventorin chamou atenção para essa questão dentro das empresas. “Recebemos pedidos de doação diariamente, mas percebemos que alguns de nossos colaboradores não tinham a casa pintada. Então, criamos um programa de doação de tintas para esses profissionais”, contou.
A mensagem final foi de otimismo. “Problemas existem e temos de enfrentar, sermos pró-ativos, realistas e termos um olhar de responsabilidade, esperança, com todos os cuidados necessários”, disse Jeosé.
Na opinião do diretor da Politintas, o momento é de oportunidade de negócios não só para o presente como para o futuro. “Se estão vendendo cimento agora, no futuro irão pintar. Pintar uma parede muda a vida das pessoas”, observou. “Uma demão de tinta pode ajudar muita gente que depende desta cadeia”, finalizou Domingues.

 

 

Fotos: Reprodução da Internet

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