Ajuda federal
De acordo com dados da consultoria Economática, a construção civil teve lucro líquido de R$ 577 milhões no segundo trimestre de 2009, resultado 3% maior do que o registrado no mesmo período do ano passado.
Na análise dos representantes do setor, parte desse desempenho se deve às vendas impulsionadas pelo Programa "Minha Casa Minha Vida", do Governo Federal. Sérgio Paulo dos Anjos, diretor Comercial de uma construtora, conta que, depois do lançamento do Programa, a empresa dobrou o número de vendas contratadas.
Nos três primeiros meses do ano, as vendas da empreiteira somaram R$ 431 milhões e, no segundo trimestre, esse número quase dobrou, chegando a R$ 851 milhões. "Isso é resultado muito forte do Programa. Nossa construtora foi a que teve o melhor desempenho porque estava focada nesse segmento de moradia popular, pronta para atender o mercado. As demais estão se adequando, comprando terrenos, montando projetos", explica o executivo.
Segundo ele, o Programa do governo trouxe para o mercado uma opção de compra que o cliente nunca teve. "O cliente tem até R$ 23 mil de subsídio, ou seja, se o apartamento vale R$ 100 mil, ele vai pagar R$ 77 mil. Esse benefício na Caixa Econômica Federal (CEF) é real e o consumidor sente isso no bolso", reforça.
O diretor Comercial destaca, ainda, a existência do seguro-desemprego, por intermédio do qual o comprador tem a garantia de poder ficar até três anos desempregado sem perder o imóvel. "Três anos é mais do que suficiente para ele se recolocar, conseguir uma condição melhor e não ter prejuízo no pagamento do imóvel".
A redução das prestações por causa dos juros mais baixos também estimula à compra de imóvel. "O cliente faz uma conta e vai ver que o valor que pagará de prestação para ter a casa própria chega, em muitos casos, a ser menor do que o aluguel que paga hoje. A condição é muito favorável".
O executivo acredita que todas essas condições, aliadas à demanda existente no País, estão fazendo com que o mercado tenha uma mudança significativa. De acordo com a Caixa, desde o lançamento do Programa, no final de março, o banco já recebeu 1.312 propostas, correspondendo a 255 mil moradias. Dessas, 494 já têm a análise concluída, o que representa 90 mil moradias.
Segundo a instituição, foram contratados 204 empreendimentos, que beneficiarão 32.207 famílias, no valor de R$ 2,04 bilhões. A meta do Programa é construir 1 milhão de casas, com valores de R$ 80 a R$ 130 mil. Serão destinadas 400 mil unidades para pessoas que ganham de zero a três salários mínimos e 400 mil para aqueles que estão na faixa de três a seis mínimos. Outros 200 mil imóveis destinam-se a quem tem renda entre seis a dez salários mínimos.
O gerente Regional de Habitação da CEF, Nédio Henrique Rosselli Filho, afirmou que o Programa aqueceu muito o mercado, apesar de ainda estar na fase inicial, na qual as construtoras estão apresentando projetos para análise e aprovação da Caixa. "O momento de vender para as pessoas ainda vai demorar cerca de seis a oito meses. Esperamos que essas vendas sejam mais aceleradas a partir de novembro".
Segundo Rosselli, as empresas que já tinham projetos que podiam ser enquadrados no perfil do Programa estão saindo na frente em relação às vendas. Isso fez com que a Caixa tivesse um número de contratações, até o dia 12 de agosto, superior ao registrado durante todo o ano passado. "Em 2008, fechamos com R$ 23 bilhões em contratação de financiamento habitacionais.
De janeiro a agosto, chegamos a R$ 23,2 bilhões. Já financiamos 455 mil imóveis, sem contar aqueles do Programa". A média de contratação diária está em torno de 3 mil contratos, englobando todas as linhas, informou o gerente regional de habitação da Caixa. "A tendência é a de que o Minha Casa Minha Vida aqueça ainda mais o mercado".