Alacero avalia que recuperação do setor de aço deverá começar este ano
Texto: Redação Revista Anamaco
Diversos fatores em âmbito mundial têm dificultado a recuperação da economia, alguns ainda resultantes da pandemia e outros como a guerra entre Rússia e Ucrânia, que provocam inflação, restrições cambiais e incertezas políticas. Diante deste cenário, a recuperação do setor de aço latino-americano deverá ocorrer somente neste ano, postergando as previsões esperadas para o ano passado.
A avaliação é da Associação Latino-Americana do Aço (Alacero) e tem como base a desvalorização das moedas latino-americanas desde maio de 2022, bem como a redução no preço das matérias-primas em geral e a queda moderada da demanda da região.
De acordo com a entidade, o consumo aparente da região, que em 2021 foi de 74,9 Mt (+25,8%), deverá atingir 67,8 Mt em 2022, correspondentes a 105 kg/per capita, a mesma média do período 2018-2019. Observa-se que a região foi mais resiliente, consumindo os mesmos 46% da média mundial obtida naquele período por pessoa. Por sua vez, o mundo deverá encolher apenas 3,7% em 2022 (226 kg/per capita), abaixo da média dos últimos dois anos anteriores à pandemia (228 kg/per capita), o que aponta para uma efetiva recuperação regional somente em 2023, de 1,7%.
Segundo o diretor executivo da Alacero, Alejandro Wagner, as incertezas políticas também são obstáculos potenciais, que podem interferir na implementação das reformas estruturais de que a região precisa. “Em 2023, a atenção volta-se ao menor crescimento global e condições financeiras menos favoráveis. A lenta normalização dos atritos nas cadeias produtivas pós-pandemia impulsionaria o crescimento da produção nos setores consumidores de aço. Por isso, reforçamos que os maiores desafios em 2023 para os mercados latino-americanos são o aumento das pressões inflacionárias, restrições cambiais adicionais e incertezas políticas”, afirma. Wagner também destaca os preços de energia, petróleo e combustíveis, que se elevaram muito em 2022, impactando os custos dos transportes e o orçamento do governo.
Dados da Alacero indicam que, em novembro de 2022, a produção de aço bruto atingiu mais de 4.900 mil toneladas, 8,8% a menos que em novembro anterior e 6,5% a menos que no mês anterior. Nos primeiros 11 meses de 2022, o total ficou 4,1% abaixo do mesmo período do ano anterior. A produção de laminados, por sua vez, atingiu 4.440 mil toneladas, sendo apenas 0,9% superior à do mesmo mês do ano anterior e 3,7% inferior à do mês anterior, e -2,9% na comparação entre os períodos de 11 meses.
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