Brasil registrou, em 2022, cinco acidentes por dia com energia elétrica
Texto: Redação Revista Anamaco
Dados do Anuário Estatístico de Acidentes de Origem Elétrica 2023, ano-base 2022, realizado pela Associação Brasileira de Conscientização para os Perigos da Eletricidade (Abracopel), mostram que, no ano passado, aconteceram 1.828 acidentes com energia elétrica, o que significa, em média, cinco por dia. No ano de 2021, esse número foi de 1.579, o que representa 249 ocorrências a mais em 2022.
Nesse cenário, somente os choques foram responsáveis por 853 acidentes, seguidos por 874 ocorrências envolvendo incêndios por sobrecarga de energia (curto-circuito) e 55 mortes, bem como 101 acidentes por descargas atmosféricas (raios), com 39 óbitos.
O estudo revela que a região com maior número de óbitos por conta do choque elétrico foi a Nordeste (206), seguida da Sudeste (118). O Sul do País contabilizou 96 mortes; enquanto o Norte 88; e o Centro-Oeste, em último lugar da lista, 84.
A boa notícia é que, no que diz respeito à perda de vidas por choque elétrico, apesar do número ainda ser bastante alto, está acontecendo uma redução ano a ano. No comparativo 2022 com 2021, houve um declínio de 12,2%. Já no período acumulado de cinco anos (2018-2022) foi observada atenuação de 4,82% no número de vítimas fatais, porém, houve um aumento de 2,03% no número total de acidentes.
Fábio Amaral, engenheiro eletricista e diretor da Engerey, observa que, mesmo com a abreviação de casos, quando o assunto é energia elétrica todo cuidado é pouco. “Trata-se de um tipo de atividade que expõe profissionais e amadores a riscos que vão desde queimaduras, passando por lesões, e que podem até culminar em morte”, reforça.
No recorte por Estado, São Paulo ficou em primeiro lugar na listagem de óbitos por choque elétrico, chegando a 62. Na sequência aparece a Bahia, com 60. Santa Catarina, com 44, vem em terceiro lugar, seguida do Pará (37) e do Mato Grosso (28).
Na avaliação de Amaral, muitos desses óbitos poderiam ter sido evitados se as pessoas físicas e jurídicas fizessem uso do Dispositivo Diferencial Residual (DR) nas instalações elétricas, aliado a um sistema de aterramento funcional, condutores de proteção elétrica (fio terra), pontos de tomada e instalação elétrica de modo geral que atendam às normas técnicas vigentes. “Esses são os elementos primordiais para garantir a mínima segurança para uma instalação elétrica em baixa tensão”, garante o especialista.
De acordo com o anuário da Abracopel, outro motivo para o elevado número de acidentes de trabalho com eletricidade é que as empresas ou indivíduos, por diversas vezes, não contratam profissionais capacitados e qualificados, ou mesmo não realizam os passos básicos para um serviço com eletricidade, que são as Análises Preliminares de Risco (APR) e a geração de procedimentos padrões de trabalho. “Além de sempre contar com pessoas capacitadas para realizar serviços de eletricidade, é fundamental que os trabalhadores sejam bem treinados e utilizem os equipamentos de proteção individual (EPIs), sem exceção”, lembra Amaral.
Os maiores causadores de choques elétricos foram eletrodomésticos e eletroeletrônicos (21,5%); fio partido ou sem isolamento (16,8%); manutenção caseira, como consertos em telhado, antena ou ar-condicionado (10,7%); e extensão, benjamim ou tomada (14,1%). Os carregadores de celular também aparecem na lista com 4% dos casos.
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