Cartão puxa a alta do endividamento
O cartão de crédito continua liderando o ranking das dívidas em agosto. A modalidade foi responsável por 65% das dívidas assumidas pelas famílias paulistanas, contra 61% em julho. No endividamento geral, o índice passou de 46% em julho para 49% em agosto.
Segundo a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), da Fecomercio, a falta de pagamento também mostra ligeiro aumento, já que total de famílias com contas em atraso alcançou o patamar de 19%, ante os 17% apurados em julho. O número contraria a trajetória de queda observada nos meses anteriores (21% em maio, 20% em junho e 17% em julho).
De acordo com o levantamento, a quantidade de famílias que acreditam não ter condições de pagar total ou parcialmente suas contas nos próximos meses também subiu de 5% em julho para 8% em agosto.
Adelaide Reis, economista da Fecomercio, explica que o resultado de agosto deve-se ao aumento da demanda do consumidor por crédito sustentado, principalmente, pela elevação das operações com o cartão de crédito e o cheque especial, as duas modalidades de crédito mais caras do mercado.
Dados da pesquisa mostram que a utilização do cheque especial passou de 8% em julho para 9% em agosto. Os carnês permanecem estáveis com 38% das dívidas contraídas este mês e o crédito pessoal em estabilidade com 12%.
Para a economista, a expansão do crédito este mês também é atribuída à elevação da massa real de salários (cresceu 3,2% em julho de 2009 em comparação ao mesmo mês do ano passado), ao aumento do prazo médio do financiamento ao consumidor e à redução das taxas de juros dos financiamentos oferecidas pelos bancos públicos, fruto do corte no spread. Soma-se a isso, o fortalecimento da confiança do consumidor no desempenho da economia nacional.
Ainda de acordo com a pesquisa, o percentual de consumidores que não pretendem contrair dívidas nos próximos meses aumentou, passando de um total de 90% em julho para 92% em agosto. Os que planejam comprar a crédito no futuro próximo representam apenas 7% dos consumidores entrevistados este mês.
Quanto ao prazo médio de comprometimento da renda dos consumidores com dívidas, a PEIC indica que, em agosto, mais da metade dos entrevistados (51%) têm renda familiar comprometida com o pagamento de dívidas por até seis meses. Outros 28% do total têm a renda familiar comprometida por mais de um ano com pagamento de dívidas.
O levantamento aponta também que, em agosto, 52% dos entrevistados têm até 30% da renda familiar mensal comprometida com dívidas. Estavam nesta situação 59% das famílias em julho.
Já em relação ao tempo de atraso no pagamento de contas, a pesquisa mostra que 45% das famílias paulistanas estão com dívidas atrasadas há mais de 90 dias. Outros 37% têm contas com pagamentos atrasados em até 60 dias.
A PEIC é apurada, mensalmente, pela Fecomercio e os dados são coletados junto a cerca de 1.360 consumidores no município de São Paulo.