Com juros ainda altos, comerciantes mostram que estão cautelosos
Texto: Redação Revista Anamaco
O Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec), pesquisado pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), marcou 107,5 pontos em julho, o que representa uma queda mensal de 1,0%, descontados os efeitos sazonais, a terceira redução consecutiva. A diminuição do otimismo também ocorreu na comparação anual (12,7%), embora o Icec permaneça na zona positiva (acima dos 100 pontos).
O estudo mostra que a visão do varejista sobre o momento atual e as expectativas para os próximos seis meses segue apontando tendência de queda, o que tem reduzido as intenções de investimento e contratação de funcionários.
Dentre os nove indicadores do Icec, oito tiveram variações negativas no mês e no ano, exceto a percepção sobre o nível dos estoques. O destaque de julho é a percepção desfavorável sobre a dinâmica das vendas no comércio. Há cinco meses, o índice de condições atuais do comércio mergulhou na zona negativa (abaixo dos 100 pontos). A maioria dos comerciantes aponta que as vendas pioraram, 60,6% do total.
Nesse cenário, os segmentos com piores avaliações das vendas são eletroeletrônicos, móveis e decorações, cine-foto-som, material de construção e veículos. O nível de endividamento e inadimplência elevado e o crédito caro e seleto limitam a capacidade de consumo, principalmente, desses itens com maior ticket médio e que exigem prazo para pagamento.
Apesar da dinâmica mais favorável da inflação corrente, a permanência dos juros altos tem levado os comerciantes a redefinir as estimativas para as vendas deste ano. O índice de expectativas para o desempenho do comércio caiu 9,6% entre julho de 2022 e 2023, com dois em cada 10 comerciantes considerando que as vendas no setor devem piorar no curto prazo. A CNC revisou de 1,8% para 1,5% a projeção de alta do volume de vendas este ano.
Foto: Adobe Stock