Começo de ano menos otimista
Texto: Redação Revista Anamaco
O Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec), divulgado pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), atingiu 119,0 pontos em janeiro, o que representa uma queda de 3,6%, descontados os efeitos sazonais, e a segunda retração consecutiva.
Com redução mensal de todos os indicadores, a confiança do comerciante chegou ao menor nível desde abril de 2022. O otimismo menor também ocorre na comparação anual: o Icec caiu 1,7% em relação a janeiro de 2022.
O estudo mostra que o destaque negativo no mês foi o recuo do índice de expectativas para o curto prazo (-6,4%). Segundo a pesquisa, a desaceleração da atividade econômica e das vendas no varejo no fim de 2022 levou as expectativas dos comerciantes sobre a economia (125,7) e o setor do comércio (139,0) aos menores níveis desde abril de 2021.
Há dois meses, os varejistas vêm apontando deterioração rápida das expectativas sobre o desempenho da atividade econômica e do comércio no primeiro semestre deste ano. Nesse contexto, saltou de 12,1% em novembro para 31,4% em janeiro a parcela de varejistas considerando que a economia vai piorar nos próximos meses. Em relação à performance do varejo, subiu de 9,3% em novembro para 23,7% em janeiro o percentual de comerciantes avaliando que as vendas vão piorar nos meses à frente.
Os lojistas já sentem o desaquecimento das vendas, estão reajustando expectativas e planejamentos. A combinação de inflação persistente e juros elevados com desaceleração da geração de vagas de trabalho formal, além do alto nível de endividamento das famílias, está deixando os consumidores cada vez mais cautelosos. Esse cenário deve permanecer pressionando a renda e o consumo este ano.
A piora na avaliação das condições atuais e nas expectativas está levando os comerciantes a reavaliarem investimentos na empresa e na recomposição dos estoques. O levantamento mostra que a intenção de investir no negócio caiu 3,9% entre dezembro e janeiro, quinta queda consecutiva, levando o índice aos 109,4 pontos. Do total de comerciantes, 42,4% pretendem reduzir investimentos, maior percentual desde junho do ano passado.
A pesquisa apurou que os revendedores de todos os segmentos do varejo consultados indicam que vão enxugar seus investimentos, com destaque para a queda mais expressiva em janeiro entre os varejistas de produtos duráveis (103,4 pontos, -5,0% contra dezembro).
Os comerciantes também apontaram pequena piora na avaliação do nível dos estoques em janeiro (-0,3%). O indicador chegou a 94,6 pontos, e a parcela de varejistas avaliando os estoques como “adequados” (60% do total) é a menor desde junho de 2021.
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