Cenários Anamaco

Comunicação no Mundo Vuca

Texto: Redação Revista Anamaco

A série de vídeo conferências Cenários Matcon Anamaco fecha o mês de agosto discutindo um tema importante: “Comunicação no Mundo Vuca”, termo formado pelas iniciais das palavras em inglês que correspondem à volatilidade, incerteza, complexidade e ambiguidade. A live contou com a participação do gerente-Geral de Operações da São Jorge Shopping da Construção (GO), Marcos Reis; do diretor de Vendas da América do Sul da Divisão de Tintas Decorativas da Basf/Suvinil, Renato Rocha; e da diretora de Redação da Grau 10 Editora/Revista Anamaco, Beth Bridi, com a moderação do diretor de Comunicação da Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção (Anamaco), Átila Lira, e a presença do presidente da entidade, Geraldo  Defalco.
Num período tão atribulado como o que o mundo passa, a comunicação ganha ainda mais relevância, especialmente em momentos inimagináveis há alguns meses como o de pandemia, que ninguém sabe, ao certo, quando passará e como será após tudo passar. “A comunicação foi o que juntou o mundo no momento de isolamento e é o que mantém as empresas, as pessoas “, afirmou Beth. 
Diante de um cenário tão novo, entretanto, quais as transformações verificadas na comunicação das empresas? Para a diretora da Revista Anamaco, o que o mundo vivencia hoje com o advento dos canais digitais é o mesmo que ocorreu com a chegada da televisão, quando se acreditava que o rádio acabaria. “Não acabou, perdeu espaço, mas se transformou”, disse. “Trocam-se as tecnologias, mas o que importa é a comunicação”, completou. 
Para Beth, o mundo passa por uma oportunidade única de mudanças rápidas, que foram aceleradas pela pandemia, inclusive a Grau 10 Editora/Revista Anamaco, que vinha num processo de amadurecimento de seus canais digitais e viu explodir os acessos das pessoas em busca de informações confiáveis. 
Beth lembrou, ainda, que as empresas estavam - e estão - em diferentes níveis de digitalização e de aceitação de novas tecnologias e as que estavam mais preparadas saíram na frente. “As crises ensinam. Foi um passo importante, meio atrapalhado, mas as empresas irão se adequar. Algumas transformações vieram para ficar, como o home-office e a comunicação digital, e é preciso buscar a linguagem correta, usar veículos de credibilidade”, afirmou.

  
                          BETH BRIDI                                                                          RENATO ROCHA                                                     MARCOS REIS

Lira chamou a atenção para o desafio de gerar negócios em meio a tanta volatilidade. Para Rocha, as empresas precisam ter visão estratégica, planos de médio e longo prazo, pensamento crítico e autocrítico, estratégia deliberada para que possam ser colocadas em prática, além de comunicação transparente e aprendizado constante. “A volatilidade nos empurra a aprender todos os dias, não há outro caminho a não ser estar conectado e disponível ao consumidor, com informação de qualidade”, disse. 
Segundo o diretor da Basf, a empresa não estava totalmente preparada, mas havia um planejamento digital, para levar conhecimento ao cliente por meio do Centro de Tecnologia, com treinamentos diversos. “É hora do ‘nós’, não do ‘eu’, de um mundo mais colaborativo. Se comunicar é questão de sobrevivência”, destacou. “Quem soube se comunicar, ganhou mercado”, observou.

Algumas transformações vieram para ficar, como o home-office e a comunicação digital, e é preciso buscar a linguagem correta, usar veículos de credibilidade

Quando se trata de comunicação, deve-se ter em vista os públicos interno e externo. E para Reis, não há como ficar alheio às mudanças, que sempre foram comandadas pelos líderes. “Temos mais de 500 colaboradores diretos, sofremos com lojas fechadas por nove dias e tivemos de cuidar da estabilidade emocional de todos, da gestão do caixa, do estoque. Tudo tem de ser bem comandado e rapidamente”, explicou. “Informamos a todos o que se passava e tomamos todos os cuidados essenciais. Utilizamos muito as redes sociais para levar imagem de precaução, novidades em produtos e tranquilidade de que a São Jorge se mantém forte, cumprindo seus compromissos”, contou. 
O gerente da São Jorge destacou, também, que quem tinha planejamento e tratava seu negócio profissionalmente conseguiu seguir nesse cenário, no qual há pessoas que conseguiram construir suas casas sem entrar numa loja de material de construção. “Temos de nos preparar para as novas tecnologias e é difícil acompanhar com tanta velocidade”, afirmou. “Temos de ser mais profissionais e darmos um passo além, até prever o futuro”, complementou. 
Estruturar um plano de comunicação, no entanto, exige cuidados. Para Beth, é necessário ter uma programação, estar conectado, mas a comunicação precisa ser assertiva, pois baseá-la somente em preço não funciona mais. “Precisa ser criativa, transparente, tocar o receptor, estar ligada ao sentimento e ao pensamento das pessoas”, orientou, lembrando que as grandes campanhas vistas nos últimos meses tinham ligação com o bem-estar das pessoas. 
A diretora da Revista Anamaco chamou a atenção para os cuidados com as notícias falsas (fake news) e para a necessidade de focar em fontes confiáveis e de credibilidade. “A palavra empatia é a mais importante, seja na comunicação interna ou externa. A campanha precisa pensar nisso e ter um público muito bem definido”, ressaltou. 
Reis, por sua vez, acredita que é preciso utilizar um discurso diferente do preço. “Preço e oferta são importantes, mas precisamos entregar algo mais, o que é o grande desafio”, refletiu. Para ele, trabalhar a omnicanalidade exige trabalhar antes outras áreas, como a logística, que tem sido alvo de importantes investimentos da São Jorge. 
A empresa faz campanhas frequentes nas lojas, inclusive com sorteio de automóveis, e analisa métricas a partir da televisão como mídia básica, além de nível de vendas nas diferentes cidades, produtos relacionados e comentários dos consumidores nas redes sociais e no site Reclame Aqui. 
No caso da Basf, o projeto Suvinil na sua Casa, feito em tempo recorde, abrange cinco pilares, voltados a arquitetos e designers, profissionais da pintura e do varejo, as lojas e consumidores finais, levando não apenas informações, mas assistência a pintores e mais condições de qualificar as vendas. Rocha explica que, na concepção da empresa, momentos de caos são para relacionamento não de promoções e a intenção foi ampliar os relacionamentos com empatia.  “O consumidor está empoderado e informação é questão de sobrevivência”, disse.

Temos de nos preparar para as novas tecnologias e é difícil acompanhar com tanta velocidade

Na avaliação de Beth, para que a omnicanalidade ocorra é preciso que o público esteja na mesma onda. “A Grau 10 vem preparando sua presença em diversos canais há muito tempo, estávamos preparados, mas aceleramos muito e batemos recordes de acesso em nossos canais. Quando a necessidade surge, o que fica é quem se comunica com frequência, verdade e respeito ao público. Vivemos o melhor momento como mídia segmentada”, contou. 
Ela reconhece que o varejo de material de construção ainda não é omnicanal, mas as lojas precisaram passar a ser digitais de alguma forma, seja com o televendas, o WhatsApp ou a entrada em um marketplace, todos tiveram de se reinventar. “Foi um movimento desajeitado, mas que funcionou com o setor batendo recordes de vendas, sem sequer passar perto de um formato omnichannel”, avaliou, alertando que ainda há muita lição de casa a ser feita e há muitos argumentos para quebrar possíveis resistências ao digital.
Rocha vê com orgulho o desenvolvimento do setor no Brasil, diante de tantas dificuldades conjunturais e considera o ‘pulo do gato’ a construção e conexões mais fortes com os clientes, unindo o mundo físico ao digital, que não está tão distante da realidade como possa parecer. Complementando, Reis afirmou que a pandemia permitiu aprendizados e que todos estão se tornando seres humanos melhores. 
Beth concordou e disse acreditar que o físico e o digital são complementares e não excludentes e concorrentes. “Aprendemos a comprar e nos comunicarmos pela internet e o digital é um aliado, o que vale para a indústria, o varejo, o meio de comunicação, tudo está integrado”, finalizou. 

Fotos: Reprodução da Internet

Comunicação no Mundo Vuca
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