Confiança dos economistas bate recorde
Políticas de estímulo ao consumo anunciadas, recentemente, pelo governo brasileiro, fatores como a tendência de queda da taxa básica de juros (Selic) e movimentos positivos observados na economia norte-americana contribuíram para a diminuição do nível de pessimismo dos economistas brasileiros.
Em abril, o Índice de Sentimento dos Especialistas em Economia (ISE) registrou alta de 15,4% em relação ao mês anterior, passando de 72,6 pontos para 83,7 pontos. É o que aponta o estudo desenvolvido pela Fecomercio, em conjunto com a Ordem dos Economistas do Brasil (OEB), no levantamento do ISE.
Embora o resultado represente o maior crescimento porcentual registrado em toda série histórica do indicador, não foi o suficiente para tirar o indicador do campo do pessimismo, ou seja, abaixo de 100 pontos.
De acordo com a entidade, a melhora da percepção dos economistas em relação ao presente e também ao futuro, com projeções para 12 meses, influenciou a elevação observada neste mês. Entretanto, há uma discrepância entre os dois índices utilizados no cálculo do ISE, que medem as expectativas para o cenário atual e para o futuro: enquanto o indicador presente avançou 16,4% em abril, para 55,7 pontos, o indicador futuro registrou crescimento de 14,9% no período, atingindo 111,8 pontos.
Para Guilherme Dietze, economista da Fecomercio, o emprego é o elemento de maior impacto negativo sobre a percepção dos especialistas em relação à atual conjuntura, que continua pessimista. "Os dados sobre emprego, recentemente divulgados pelo IBGE, referentes à região metropolitana de São Paulo, apontaram duas quedas desde dezembro. Isso representou uma elevação de, aproximadamente, 3% no nível de desemprego, o que teve reflexo sobre o nível de salários reais", destaca Dietze, que também observa que a menor apreensão sobre o futuro demonstra que os especialistas estão mais tranquilos em relação aos impactos da crise no Brasil. "Esse resultado indica que a confiança do consumidor pode aumentar nos próximos meses, uma vez que esses especialistas contam com informações antecipadas sobre o ambiente econômico", acrescenta o economista. "Na visão da Fecomercio, a elevação de 15,4% não pode ser considerada ainda uma reversão de cenário. O próximo mês poderá confirmar essa nova tendência, caso haja outra alta", conclui.
O ISE varia de 0 (pessimismo total) a 200 (otimismo total) e a pesquisa é realizada mensalmente com cerca de 100 economistas renomados de todo País.