Demanda interna insuficiente ainda é problema para indústria, apura CNI
Texto: Redação Revista Anamaco
Neste terceiro trimestre de 2023, a pesquisa Sondagem Industrial, da Confederação Nacional da Indústria (CNI), mostra que os empresários industriais continuam apontando a demanda interna insuficiente (33,9%), a elevada carga tributária (32,6%) e as taxas de juros altas (25,3%) como os principais problemas enfrentados pela indústria. De julho a setembro, embora esses fatores sigam como os de maior impacto na atividade industrial, houve um recuo de até seis pontos percentuais quando comparado com o segundo trimestre.
No sentido inverso, enquanto esses três problemas apresentaram redução, os percentuais dos outros problemas elencados sofreram aumento, como competição desleal e falta ou alto custo de trabalhador qualificado. “Na pesquisa, é solicitado que o empresário marque até três itens que constituíram problemas reais para a empresa e, com isso, esses outros dois figuraram ali na quarta e quinta posição”, explica Marcelo Azevedo, gerente de Análise Econômica da entidade.
A pesquisa indica que o indicador de evolução do nível de estoques de produtos da indústria geral também aumentou e atingiu 50,8 pontos, o que representa uma alta de 0,3 pontos de agosto para setembro.
Já o indicador de estoque efetivo em relação ao usual atingiu 52,2 pontos em setembro, após avançar 0,8 ponto em relação ao resultado de agosto. A movimentação entre os períodos indica que o nível de estoques se distanciou do planejado para o período. “Esse cenário de demanda fraca e estoques crescendo além do planejado faz com que os empresários segurem a produção e adiem a contratação de pessoas na indústria”, complementa Azevedo.
Outro dado do estudo mostra que o índice de evolução do número de empregados na indústria registrou 49,3 pontos em setembro. Apesar de se encontrar abaixo da linha divisória, o indicador se encontra muito próximo da média histórica dos meses de setembro da série, de 49,2 pontos, o que indica que o recuo observado no mês ficou dentro do esperado para o período.
A movimentação de setembro, entretanto, não foi homogênea entre as indústrias de diferentes portes: entre empresas grandes, o índice já se encontrava acima da linha dos 50 pontos e aumentou na passagem de agosto para setembro. A movimentação de queda no indicador total foi provocada pela retração do emprego em empresas de pequeno e médio portes.
Já o indicador de acesso ao crédito avançou 0,4 ponto no terceiro trimestre do ano, em relação ao trimestre anterior, atingindo 41,2 pontos. Isso indica que a percepção de dificuldade de acesso ao crédito está menos intensa e disseminada no trimestre.
Essa movimentação de avanço não foi observada entre empresas de pequeno e grande portes, cujos índices recuaram, respectivamente, 0,2 e 0,3 ponto. Ou seja, o avanço no indicador total se deu em função do crescimento de 2,2 pontos do indicador para empresas de médio porte. Por outro lado, houve piora na satisfação com a situação financeira das empresas e com a satisfação com o lucro operacional.
Mesmo com o recuo dos indicadores da Sondagem Industrial, as expectativas do empresário em outubro seguem otimistas. Contudo, os industriais mostram moderação do otimismo com a demanda e com a compra de matérias-primas.
A pesquisa Sondagem Industrial considera as entrevistas com cerca de 1.700 empresas de pequeno, médio e grande portes.