Desabastecimento no setor
O terceiro dia de protestos dos caminhoneiros, que bloqueiam rodovias estaduais e federais em vários Estados, contra o aumento do óleo diesel, começa a ter reflexos no varejo do setor.
Hoje, a Votorantim Cimentos, em comunicado, informou que desde a última segunda-feira (21 de maio), quando as interdições das rodovias começaram, está tendo dificuldade para distribuir seus produtos em todo o território nacional, sobretudo nas regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste.
Com a impossibilidade da indústria de entregar rapidamente, as lojas estão sendo afetadas. Antenor Novakoski, presidente da Federação das Associações dos Comerciantes de Material de Construção de Santa Catarina (Fecomac-SC), comenta que as revendas do segmento, na região de abrangência da entidade, começaram a sentir hoje o impacto da paralisação. Segundo ele, o varejo já começa a ficar desabastecido de produtos considerados de giro rápido como o cimento. “Grandes fabricantes já estão se manifestando e justificando seus problemas de abastecimento”, comenta.
Na sua avaliação, a partir de hoje até, no máximo, o final da semana, o comércio começará a sentir a falta de outros produtos, como argamassas, tintas e revestimentos cerâmicos. “Eu acredito que a manifestação terá um impacto muito grande sobre o setor”, lamenta Novakoski.
Segundo o presidente da Fecomac-SC, a saída, em princípio, para não deixar os clientes sem mercadorias, será comprar dos distribuidores. “Quando os lojistas perceberem que as marcas líderes estão em falta, vão tentar honrar seus compromissos entregando outras marcas secundárias”, opina.
Greve dos caminhoneiros está refletindo no varejo de material de construção, que está com dificuldades para repor os estoques de cimento
Na região de Campinas, no interior paulista, a situação é similar: o cimento está sumindo das prateleiras. Wilson Takashi, presidente da Associação dos Comerciantes de Material de Construção (Acomac) de Campinas, conta que as revendas locais estão com dificuldade em receber o produto de várias cimenteiras. “Hoje, começamos a fazer os pedidos de cimento e nenhuma empresa vai conseguir entregar. Sendo assim, a partir de amanhã já sentiremos, efetivamente, a falta de produtos”, explica, acrescentando que tentou comprar indiretamente, por meio de dois distribuidores, mas as tentativas foram em vão. “Eles estão sem receber desde ontem e também não têm o cimento para vender”, completa Takashi.
Segundo ele, o entrave maior está acontecendo com as empresas que terceirizam as entregas e quando o serviço é próprio da indústria o problema não está ocorrendo.
Luiz Augusto Gonçalves Barbosa, diretor do Depósito Zona Sul (SP), diz que desde ontem está sentindo o reflexo da greve. Ele comenta que uma marca de cimento já deixou de entregar e que, diante da falta do produto, na venda já oferece o item de outra empresa para o cliente. “Ainda não estamos tendo grandes problemas, mas é uma situação grave”, conclui.