Desempenho da indústria do aço recua no semestre, mas é melhor do que o esperado
Texto: Redação Revista Anamaco
Dados da Associação Latino-americana de Aço (Alacero), que reúne 95% da cadeia produtora de aço da região, mostram que, no primeiro semestre, a produção de aço bruto na América Latina ficou 2,3% abaixo do mesmo período de 2021 e 3,1% inferior ao segundo semestre daquele ano. Países como Chile (-14,1%), Peru (-10,1%), Brasil (-2,8%), México (-1,2%) e Colômbia (-0,6%) apresentaram reduções. Por outro lado, a Argentina registrou aumento de 4,1%.
Já a produção de aço laminado ficou 1,4% abaixo do primeiro semestre do ano interior e 0,4% inferior ao segundo semestre deste mesmo ano. As reduções aconteceram no Chile (-19,9%); Brasil (-9,2%); Argentina (-4,5%) e Colômbia (-2,3%). O Peru (+0,3%) registrou estabilidade, enquanto o México, no sentido inverso, continua crescendo, tendo obtido 13,6% no primeiro semestre.
Alejandro Wagner, diretor executivo da entidade, credita o crescimento regional aos preços recordes de commodities, principais produtos de exportação da América Latina, e a pressões inflacionárias que levaram os bancos centrais a aumentar as taxas de juros. “No entanto, as expectativas do mercado apontam para uma desaceleração econômica em 2023, além dos múltiplos desafios da indústria, sendo a sustentabilidade o maior deles”, destaca.
O executivo lembra que cada país tem suas peculiaridades para o desempenho da indústria, que é uma das mais importantes em todas essas economias, mas, de forma geral, a crise internacional ocasionada pela guerra da Rússia se mostrou mais longa do que o esperado. Por isso, a tendência é que o consumo continue abaixo até 2023.
O estudo mostra, ainda, que a produção de aço bruto, em junho, foi 4,2% inferior ao mesmo período do ano anterior e 2,6% menor do que em maio. A produção de forno elétrico a arco também registrou queda mensal de 5,7%, enquanto os altos fornos aumentaram 0,7%. Já a produção de laminados, quando a comparação mensal é feita, a produção de junho foi de 4.667 toneladas, 3,0% inferior ao mesmo período de 2021 e 0,7% menor em relação a maio de 2022.
O executivo frisa que, na análise do cenário, o Brasil apresentou desempenho negativo devido à desaceleração da atividade devido ao aperto da política monetária, impactando na alta dos custos de construção.
Na Colômbia, por sua vez, a inflação crescente de curto prazo e as altas taxas de juros reduzem o dinamismo do crescimento. No médio prazo, a mudança de governo somada à ordenação da política monetária pode impulsionar algum crescimento setorial.
A pesquisa mostra que, a Argentina, que continuou em crescimento, foi impulsionada pelo desempenho na agricultura, nas indústrias automotiva, construção e energia. “O incremento de junho é explicado em parte pela regularização das instalações siderúrgicas, após um mês com paradas técnicas programadas. Isso permitiu que a produção de aço bruto aumentasse 3,7% em relação a maio”, explica Wagner.
Os dados do México, por sua vez, são justificados pelas pressões inflacionárias que não diminuem. “O Banco Central mantém o viés contracionista de sua política monetária, o que impacta diretamente os preços das commodities. Os laminados continuam sustentados pelo aumento da produção de produtos nacionais e automotivos”, finaliza.
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