Design no centro das atenções

Texto: Redação Revista Anamaco

A Associação Paulista das Cerâmicas de Revestimento (Aspacer) realizou nos dias 03 e 04 de setembro, o 8º Fórum Nacional de Design para Revestimentos Cerâmicos. Anual, o evento reuniu designers e profissionais do setor e teve como tema “Modernidade Líquida e os Desafios do Design”.
Durante a abertura, Valmir Severino Carnevali, presidente da Aspacer, destacou a importância da qualificação. Segundo ele, vivemos uma revolução no modo de pensar e o setor cerâmico possui um nível profissional e tecnológico muito bom, que está sempre evoluindo e se modificando.
Benjamin Ferreira Neto, vice-presidente do Conselho Administrativo da entidade, por sua vez, lembrou que o evento é um meio importante de valorização da indústria cerâmica e também uma busca da identidade própria da brasilidade de produtos nacionais. “Essa contribuição do despertar do design é um movimento fundamental do setor para suportar todas essas alternâncias da economia e do mercado de construção com um todo”, observou.
Marcos Serafim, gerente de Design e Inovação do Centro Cerâmico do Brasil (CCB), explicou a escolha do tema deste ano. Segundo ele, o Fórum foi pensado para levar ao segmento pensamentos e posições de mercado onde o design é protagonista e, dessa forma, discutir como o setor pensa sobre as mudanças que estão vindo.

No primeiro dia do encontro, o filósofo Jelson Oliveira fez reflexões sobre as demandas de consumo e relações pessoais com base nas mudanças que ocorrem dentro das instituições parentais. “Se a gente comparar a modernidade de hoje podemos dizer que há uma mudança no que diz respeito às referências, ou seja, as instituições sociais como família, emprego, Estado e escola estão em crise e sofrendo mudança. E o que marca nosso tempo é liquidez onde as referências são diluídas e a gente fica sem um lugar central para olhar e entramos agora na era da comparação”, destacou.
Na sequência, o arquiteto Alexandre Brunato, falou sobre como usar os sentidos em um projeto arquitetônico. “Tendência, muitas vezes, é a liberdade de escolha, respeitando a individualidade de cada um”, ressaltou.
Glaucia Binda, business designer, fez uma apresentação sobre a empatia das coisas com um olhar humanizado sobre projetos de design. Segundo ela, as pessoas compram experiência e não produtos e que empatia é a arte de se colocar no lugar do outro.

O segundo dia do Fórum foi iniciado com apresentação de Ana Paula Santa Helena, psicóloga e psicopedagoga, que abordou o tema família multiespécie: o espaço como potencial para relação com os Pets. “Esse termo passa a surgir através da verticalização das moradias. Os profissionais - arquitetos e designers - tiveram de incluir em seus projetos os animais, que passaram a ser membros integrantes das famílias”, frisou.
Juliana Burza, publicitária, fez uma apresentação sobre o papel do design na transformação digital e propôs aos participantes uma nova forma de olhar os objetos e as pessoas, entendendo que as mudanças no comportamento do consumidor foram rápidas e acentuadas nos últimos tempos.
Alexandre Ogasawara, mestre em Comunicação e Semiótica, abordou o tema Por que (não) investir em design?, afirmando que inovar exige riscos e que é preciso fazer algo, melhor, como nunca feito antes. “O design precisa participar de todos os processos da fabricação do produto e porque não atuar até no ponto de venda? Só assim, ele terá novas ideias e argumentos eficazes para propor mudanças e novas soluções”.

No período da tarde, Gisela Schulzinger, formada e mestranda pela Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) e presidente da Associação Brasileira de Embalagens, ministrou palestra sobre as demandas e desafios dos novos tempos e as suas exigências. “Nós somos parte das transformações que acontecem na sociedade de hoje. É preciso que o designer tenha uma visão ampliada e entenda o seu setor de forma ampla, é preciso ter uma mudança de modelo mental e comportamental”, destacou.
Na sequência, Angelita Corrêa Scardua, psicóloga, fez uma leitura criteriosa da evolução do conceito de moradia e suas implicações na construção do consumo e escolhas. “Hoje, nos demos conta que a barreira entre o privado e o público foi rompida e isso tem sido ampliado na medida em que expomos nossas vidas“, frisou.

PRÊMIO ASPACER DE DESIGN

Através da confiança no talento dos profissionais de criação e desenvolvimento do setor cerâmico, a Associação Paulista das Cerâmicas de Revestimento (Aspacer) e o Centro Cerâmico do Brasil (CCB) realizaram o 7° Prêmio Nacional Aspacer de Design. Os painéis, durante os dias 03 e 04 de setembro, ficaram expostos na Galeria Aspacer, no salão principal da entidade.

Com o tema “Arquitetura Brasileira”, 39 profissionais de todo o País participaram e o prêmio foi dividido nas categorias fabricante: pastilhas e peças especiais, porcelanato, via seca, fornecedores, conceito e, este ano, a estudante. Dentre os participantes, os que se classificaram em 1º e 2º lugares, foram contemplados com valor em dinheiro e um troféu. Apenas aos estudantes vencedores, ao primeiro colocado, foram concedidos premiação em dinheiro e troféu, para o 2º, 3º e 4º colocados, Menção Honrosa.
Em uma cerimônia, no último dia 04 de setembro, o grande vencedor da noite, detentor da maior pontuação (432,0), foi anunciado junto aos demais ganhadores de cada categoria. Caio Vinícius Batista, da Ferro Enamel do Brasil, vibrou e se emocionou ao ser contemplado com uma viagem para o Salão do Mobiliário de Milão, evento que acontece em abril do ano que vem. As categorias conceito e estudante, não concorreram à premiação especial, pois a organização do evento considerou previamente em regulamento oficial, que os produtos apresentados não possuem caráter comercial.
O júri especializado, responsável pela avaliação dos painéis, foi composto por: Carlos Marcelo Teixeira, arquiteto da Universidade Presbiteriana Mackenzie - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo; Valdemar Krepischi, sócio-proprietário da Krepischi Lar & Construção e membro do G11 - Associação de Lojas e Indústrias de Material de Construção (Alimac); Osmar Martins Neto, diretor Comercial de Pisos e Esquadrias da Sodimac Brasil; Silvana Carminatti, presidente da Associação Brasileira de Designers de Interiores (ABD); Greice Kishimoto, design da Universidade Presbiteriana Mackenzie - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo; Beth Bridi, jornalista e diretora de Redação da Revista Anamaco; e Mônica Frandi, arquiteta, urbanista e coordenadora do curso de Arquitetura da Faculdade Asser Rio Claro e diretora do Arquivo Público de Rio Claro.
Os jurados fazem uma avaliação positiva, tanto do conteúdo, quanto do nível dos produtos apresentados. Valdemar Krepischi destacou a organização e seriedade do evento. “As palestras, sérias e organizadas, foram de alto nível. Além disso, os produtos apresentaram avançadas tecnologias e design de vanguarda. Parabéns a todos por manter o Brasil em destaque nesse mercado”, reforçou.
Na percepção de Osmar Martins Neto, da Sodimac Brasil, o prêmio estimula as indústrias a inovarem no desenvolvimento de seus produtos, além de aproximar os estudantes das empresas, revelando novos talentos. “Esse movimento é fundamental para o varejo, já que os consumidores estão sempre em busca de novidades e tendências. Neste ano, os trabalhos apresentados fugiram do tradicional, com destaque a peças em relevo, mesclando cores e desenhos com conceitos diferenciados”, destacou o executivo.
A diretora de Redação da Revista Anamaco, que pela terceira vez participa do júri, destacou o avanço e aprimoramento dos painéis inscritos ao longo dos anos e a adequação ao tema proposta, que “deu um norte para que os designers criassem peças interessantes, inovadoras e seguindo o mesmo tema - este ano foi ´Arquitetura Brasileira` - , o que unificou o julgamento e tornou ainda mais exclusivos os painéis e mais interessante a premiação. Beth Bridi ressaltou, ainda, a qualidade do design brasileiro na indústria de revestimentos cerâmicos, que não deixa nada a desejar ao europeu. “É muito importante termos no Brasil premiações como esta que incentiva e estimula os designers a se superarem a cada ano e as indústrias a investirem no desenho como um diferencial, uma vez que a tecnologia é global”.