Endividamento cai em outubro, mas inadimplência avança pelo quarto mês
Texto: Redação Revista Anamaco
A Pesquisa Nacional de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), apurada mensalmente pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), mostra que o percentual de famílias que relataram ter dívidas a vencer (cheque pré-datado, cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, crédito consignado, empréstimo pessoal, prestação de carro e de casa) caiu 0,1 ponto percentual em outubro, após três altas consecutivas, alcançando 79,2% do total de famílias.
Em um ano, a proporção de endividados avançou 4,6 pontos percentuais, a menor taxa anual desde julho de 2021. A redução do endividamento, em outubro, entretanto, foi acompanhada de novo aumento da proporção de famílias com contas atrasadas, que saltou de 30% para 30,3%. Em um ano, a alta de 4,6 p.p. no indicador foi a maior desde março de 2016.
O estudo mostra que o percentual de endividados está menor tanto entre as famílias de rendas média e baixa (até 10 SM) quanto para aquelas na faixa de maiores rendimentos (acima de 10 SM). A redução na passagem mensal foi mais expressiva entre os consumidores de renda elevada (-0,5 p.p.); porém, em um ano, a proporção de endividados cresceu mais justamente nesse grupo (+5,8 p.p., ante 4,3 p.p. para os com até 10 SM). A melhora progressiva do mercado de trabalho, as políticas de transferência de renda mais robustas e a queda da inflação geral nos últimos meses têm se refletido positivamente na renda disponível, o que explica a desaceleração da proporção de endividados.
Embora o endividamento tenha caído no Brasil, neste início do último trimestre, em 17 das 27 unidades federativas a proporção de endividados cresceu entre setembro e outubro. Dos cinco Estados com os maiores volumes de consumidores endividados, dois estão na Região Sul (Paraná e Rio Grande do Sul) e três na Região Sudeste (Rio de Janeiro, Espírito Santo e Minas Gerais).
Nesse cenário, as proporções de endividados no cartão de crédito e no cheque especial aumentaram em um ano, embora sejam as modalidades que oferecem as maiores taxas de juros. Caracterizados pela facilidade no acesso e alta relação com as necessidades de consumo de curto prazo, os dois tipos de dívida foram mais os buscados pelos consumidores que tiveram o poder de compra afetado pela alta da inflação no período. Os dados do Banco Central mostram que 81% das concessões de crédito novo em setembro ocorreram no cartão de crédito (à vista, a prazo, rotativo). Em segundo lugar, ficou o cheque especial, com 13% do total desembolsado pelo sistema financeiro. Já o crédito consignado, um dos tipos de crédito com juros mais baixos (cerca de 25% ao ano), perdeu espaço no endividamento dos brasileiros: 5% do total de consumidores endividados tem dívidas consignadas atualmente, ante 7% em outubro de 2021.
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