Endividamento recua em agosto
Texto: Redação Revista Anamaco
De acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), realizada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o percentual de famílias que relataram ter dívidas a vencer (cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, crédito consignado, empréstimo pessoal, cheque pré-datado e prestações de carro e casa) reduziu para 78,0% em agosto, ficou abaixo do resultado de julho, contudo acima do referente a agosto do ano passado (77,4%). Na análise da entidade, esse segundo recuo confirma a maior cautela das famílias com o crédito, após estabilidade no mês passado.
Apesar desse freio na percepção de endividamento, houve aumento do percentual de pessoas que se consideram “muito endividadas”, alcançando 16,8%.
O percentual de famílias com dívidas em atraso ficou estabilizado pelo terceiro mês consecutivo em 28,8%, ligeiramente abaixo do resultado de agosto do ano passado. No entanto, o percentual de famílias que não terão condições de pagar as dívidas em atraso aumentou para 12,1%, mas conseguiu se manter em nível menor do que no mesmo mês de 2023.
O estudo indica que o percentual de famílias com dívidas em atraso por mais de 90 dias continuou tendo incremento em relação ao mês anterior, chegando a 48,6% do total de endividados em agosto, o que representa o maior percentual desde março de 2020.
Além dessa piora no perfil da inadimplência, o percentual dos consumidores que possuem mais da metade dos rendimentos comprometidos com dívidas voltou a apresentar alta, atingindo 19,9%, o maior percentual desde junho. O percentual médio de comprometimento da renda com dívidas foi de 29,6% em agosto, estável em relação ao mês anterior, revelando que as famílias estão se esforçando para não aumentar o seu comprometimento de renda com pagamento de dívidas.
Projeções da CNC mostram que o endividamento deve voltar a aumentar no último trimestre do ano, tendo efeito na tendência de alta do percentual de famílias com dívidas em atraso, que deve continuar gerando atenção.
O levantamento mostra que a população reduziu seu endividamento independentemente da renda, assim como o aumento do percentual de famílias que não terão condições de pagar essas dívidas também foi generalizado.
Em relação às contas em atraso, as classes mais extremas (renda de até três salários mínimos e acima de 10 salários mínimos) foram as responsáveis pela estabilidade do indicador, enquanto as intermediárias apresentaram aumento.
Nesse cenário, o cartão de crédito continuou tendo a maior participação no volume de endividados no mês, sendo utilizado por 85,7% do total de devedores; contudo, houve retração de 0,4 p.p. na comparação com o mês anterior.
A categoria de crédito pessoal destacou-se, com aumento de 0,5 p.p. na comparação mensal e de 1,8 p.p. na anual. Já carnês continuaram perdendo representatividade na carteira de crédito dos consumidores (-0,1 p.p frente a julho e -1,4 p.p. em relação ao ano passado), mas permaneceu como a segunda categoria mais utilizada.
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