Endividamento reduz, mas não contém inadimplência
Texto: Redação Revista Anamaco
De acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o percentual de famílias que relataram ter dívidas a vencer (cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, crédito consignado, empréstimo pessoal, cheque pré-datado e prestações de carro e casa) reduziu para 77,2% em setembro, abaixo do resultado de agosto deste ano (78%) e de setembro de 2023 (77,4%). Esse terceiro recuo confirma a maior cautela das famílias com o crédito.
Essa queda na percepção de endividamento foi acompanhada por movimento similar no nível de endividamento, com redução no percentual de pessoas que se consideram “muito endividadas”, alcançando 16,3%, o menor nível desde dezembro de 2021. Enquanto o daquelas que “não têm dívidas desse tipo” avançou, indo para 22,7%, o maior percentual desde novembro do ano passado.
O alerta dos dados desse mês é que, mesmo com menor endividamento, houve crescimento no percentual de famílias com dívidas em atraso, o primeiro após três meses de estabilidade, para 29,0%, ainda assim abaixo do resultado de setembro do ano passado (30,2%).
Segundo o estudo, o percentual de famílias que não terão condições de pagar as dívidas em atraso aumentou em maior intensidade, para 12,4%, também se mantendo em nível menor do que em igual mês de 2023 (13%).
O percentual dos consumidores que têm mais da metade dos rendimentos comprometidos com dívidas continuou a apresentar alta, atingindo 20,4%, o maior percentual desde junho de 2024. O percentual médio de comprometimento da renda com dívidas foi de 29,7% em setembro, ligeiramente maior em relação ao mês anterior, revelando que as dívidas estão representando um percentual cada vez maior da renda das famílias.
Devido a essas dificuldades, elas buscam prazos cada vez mais longos para arcar com suas contas. Tanto que o percentual de famílias comprometidas com dívidas por mais de um ano avançou para 34,9%, o maior nível desde fevereiro de 2022. O prazo médio das dívidas em setembro foi de sete meses.
O levantamento revela que nas modalidades de crédito, o cartão de crédito continuou tendo a maior participação no volume de endividados no mês, sendo utilizado por 84,4% do total de devedores; contudo, houve retração de 1,8 p.p. na comparação com setembro de 2023.
Dentre os gastos selecionados, 70% dos consumidores responderam que nunca pagam itens relacionados a educação com cartão de crédito, o maior percentual entre as despesas analisadas, enquanto 34% não utiliza esse recurso para o pagamento do vestuário, o menor percentual. Contudo, pode-se observar um nível bem expressivo (30%) das compras de alimentação e vestuário realizadas no crédito.
Ao analisar os dados desagregados por renda, na comparação mensal, a população reduziu seu endividamento independentemente da renda, assim como o aumento do percentual de famílias que não terão condições de pagar essas dívidas também foi generalizado.
Em relação às contas em atraso, as com renda até três salários mínimos e entre cinco e 10 salários mínimos foram as responsáveis pela alta do indicador, enquanto as demais reduziram.
Foto: Adobe Stock