Endividamento segue em alta com percepção mais positiva, apura CNC
Texto: Redação Revista Anamaco
O endividamento do consumidor segue tendência de alta, segundo a Pesquisa Nacional de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Apesar de o endividamento terminar o ano passado com 0,5 ponto percentual acima do nível do ano anterior, o percentual de famílias que relataram ter dívidas a vencer (cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, crédito consignado, empréstimo pessoal, cheque pré-datado e prestações de carro e casa) foi de 78,1% em janeiro de 2024, maior do que em dezembro e superando o nível de janeiro de 2023.
O resultado revela a maior confiança das famílias em buscar crédito, dado o menor custo com juros e perspectivas melhores sobre a renda. De acordo com o levantamento, houve redução do percentual de pessoas que se consideraram “muito endividadas”, 17,3%, o terceiro mês consecutivo. A maior parte (32,2%) alegou estar “pouco endividada”. A percepção mais positiva do nível de endividamento das famílias sinaliza uma melhora significativa do risco do endividamento brasileiro, mostrando que as famílias estão em melhor situação financeira no início de 2024.
A inadimplência também sofreu reflexos da redução da Selic, uma vez que o total de famílias com dívidas em atraso diminuiu pelo quarto mês consecutivo e atingiu 28,3%, o menor nível desde março de 2022. Também caiu o número de famílias que não terão condições de pagar dívidas, mostrando uma queda persistente nos últimos três meses apesar de ser maior do que janeiro de 2023.
Na análise da entidade, outro fator que auxiliou na melhora da inadimplência foi a evolução do mercado de trabalho e da massa salarial, ainda que o ticket médio das dívidas teve um ligeiro aumento, com 21,2% dos consumidores tendo mais da metade dos rendimentos comprometidos com dívidas, um aumento de 0,5 ponto percentual após redução do comprometimento há dois meses. Mesmo assim, cada vez mais, as famílias vêm atrasando por menos tempo o pagamento das suas dívidas, com média de 63 dias. O percentual de famílias com contas em atraso por mais de 90 dias vem diminuindo há três meses, mas representa 47,5%.
Nesse cenário, o cartão de crédito segue como a principal modalidade relacionada ao endividamento, sendo utilizado por 86,8% do total de devedores e com nível de inadimplência de 53%. Contudo, teve redução no mês pela segunda vez, mas aumentou na comparação com janeiro do ano passado. Crédito pessoal, financiamento imobiliário e crédito consignado também avançaram no ano - 1,6 p.p., 1,4 p.p. e 0,6 p.p., respectivamente-, ao passo que as demais modalidades perderam representatividade na carteira de crédito dos consumidores ou não tiveram alteração. Destaque para a redução de 2,4 p.p. nas dívidas em carnês, a segunda modalidade mais procurada.
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