Endividamento volta a crescer
Texto: Redação Revista Anamaco
A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), realizada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), revela que o percentual de famílias que relataram ter dívidas a vencer (cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, crédito consignado, empréstimo pessoal, cheque pré-datado, prestação de carro e de casa) aumentou 0,2 ponto percentual em junho, representando 78,5% das famílias no País. Desse total, 18,5% consideram-se “muito endividados”, maior volume da série histórica, iniciada em janeiro de 2010. Essa alta interrompe sequência de quatro meses de estabilidade do indicador, que alcançou, em junho, o maior nível em seis meses.
De acordo com a entidade, o encarecimento do crédito se refletiu na estabilidade do volume de endividados até maio, com taxas de juros médias aos consumidores acima de 60% ao ano. No entanto, cada vez mais consumidores buscam no crédito a forma de sustentar o consumo de bens e de serviços, especialmente no cartão de crédito.
Embora o endividamento tenha avançado em junho, um mês antes do previsto CNC, a parcela média da renda comprometida com dívidas alcançou 29,6%, o menor percentual desde setembro de 2020. Esse resultado vem sendo pautado, principalmente, pela melhora do comprometimento da renda com dívidas pelos consumidores das classes baixa e média.
No mês, o aumento da proporção de endividados foi acompanhado de alta no volume de consumidores inadimplentes. A melhora da renda disponível, com a evolução positiva do mercado de trabalho e o alívio da inflação, não têm se mostrado condição suficiente para retirar da inadimplência os consumidores com dívidas atrasadas há mais tempo.
Nesse cenário, a proporção de consumidores com dívidas atrasadas voltou a crescer após seis meses de queda, assim como o contingente dos que afirmam que não terão condições de quitar dívidas atrasadas de meses anteriores. Do total de consumidores com dívidas atrasadas, quatro em cada 10 entraram em junho sem condições de pagar os compromissos de meses anteriores, maior proporção desde agosto de 2021.
O volume de consumidores com atrasos há mais de 90 dias também cresceu, alcançando 46% do total de inadimplentes em junho.
Nas modalidades de dívida, mais consumidores usaram o cartão de crédito, comparativamente a junho do ano passado, e ainda o crédito pessoal, modalidade de dívidas em que os juros tiveram redução no ano até maio, segundo dados do Banco Central (40,9% a.a., em média, queda de 8 pontos percentuais), e que tem ajudado o brasileiro a quitar dívidas mais caras, como o próprio rotativo do cartão. Do total de endividados, 87% têm dívidas no cartão de crédito, enquanto 9,5% contrataram crédito pessoal.
Foto: Adobe Stock