Estoques inadequados
26/04/2016
Motivado pelo crescimento da proporção de empresários com excesso de mercadorias nas prateleiras, o índice que mede a adequação dos estoques do comércio varejista da região metropolitana de São Paulo (RMSP) registrou a segunda queda mensal consecutiva - 9,6% - entre março e abril e atingiu 85,6 pontos, o menor patamar desde junho de 2011, quando o indicador passou a ser apurado. Na comparação com o mesmo período do ano passado, quando o índice marcou 99,2 pontos, o valor é 13,7% inferior.
Os dados são do Índice de Estoques (IE) da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), que capta a percepção dos comerciantes sobre o volume de mercadorias estocadas nas lojas, e varia de zero (inadequação total) a 200 pontos (adequação total). A marca dos cem pontos é o limite entre inadequação e adequação.
No período, a queda do indicador se deve à elevação da proporção de empresários que afirmaram estar com os estoques acima do adequado, que subiu de 37,2% em março para 41,6% em abril - alta de 4,4 pontos porcentuais. Desde junho de 2011, foi a primeira vez que mais de 40% dos entrevistados afirmaram estar com os estoques acima do ideal.
Em contrapartida, a parcela de empresários com estoque abaixo do adequado se manteve praticamente estável em abril, ficando em 15,4% ante os 15,3% registrados em março.
Com isso, a maioria dos varejistas (57%) afirmou que seus estoques estão inadequados em abril - somando os que estão com estoques abaixo e acima do ideal. Já a proporção de empresários que afirmaram possuir estoques adequados caiu 4,5 pontos percentuais e alcançou 42,7% em abril, contra 47,2% em março.
No comparativo com abril de 2015, a proporção de empresários com estoques acima do adequado aumentou 6,1 pontos porcentuais. Já entre os que declararam estar com estoques abaixo do adequado, a alta foi menos acentuada (0,8 ponto percentual). Consequentemente, caiu 6,6 pontos percentuais a proporção de varejistas que declararam estar com estoques adequados.
De acordo com a assessoria econômica da FecomercioSP, este ano está cada vez mais parecido com 2015 e não é esperada uma retomada do crescimento. Os empresários estão ainda mais cientes da gravidade e da duração dessa crise, que atinge o consumo e prejudica o mercado de trabalho em razão do aumento do desemprego, cenário que pode se acentuar ao longo dos meses.
Entretanto, segundo a entidade, a postura conservadora do varejo não está conseguindo acompanhar a queda das vendas, o que explica os estoques elevados e aumenta a preocupação em relação à sustentabilidade do setor, já que, com renda, emprego e confiança em queda, somando-se a inflação, os altos juros e a redução do volume de empréstimos, a crise do setor tende a se agravar no curto prazo.