Excesso de capacidade de produção de aço prejudica a indústria latino-americana - Revista Anamaco

Desempenho industrial

Excesso de capacidade de produção de aço prejudica a indústria latino-americana

Texto: Redação Revista Anamaco

De acordo com a Associação Latino-Americana do Aço (Alacero), a produção anual de aço bruto na América Latina ultrapassa 60 milhões de toneladas, enquanto a produção mundial é de quase dois bilhões de toneladas. Nesse cenário, a China responde por metade do montante e tem experimentado a maior expansão de capacidade nos últimos anos.
Ainda segundo a entidade, em termos de capacidade de produção, globalmente, o setor atingiu um total de 2,463 bilhões de toneladas em 2022. A produção efetiva, por sua vez, atingiu 1,885 bilhão de toneladas, o que deixou um excedente de capacidade de produção de 578 milhões de toneladas. “Esses dados revelam a significativa capacidade do setor para atender à demanda global”, observa Alejandro Wagner, diretor Executivo da Alacero.
No entanto, a China é o principal player. Com capacidade produtiva de 1,15 bilhão de toneladas e produção efetiva de 1,018 bilhão de toneladas no último ano, o país conta com um excedente de capacidade de produção de 132 milhões de toneladas. Isso representa 54% da produção mundial e expressivos 22,8% do excedente da capacidade de produção mundial. “A influência da China no mercado global é inegável, demonstrando sua posição dominante na produção e no atendimento da demanda", completa.
O executivo frisa que é uma grande preocupação para o setor na América Latina. Segundo ele, os países asiáticos têm incentivos para exportar, o que cria distorção na concorrência internacional e desvio de mercado. “O problema é que a situação das exportações para os países da região pode piorar e isso vai aumentar o excesso de oferta de aço no mercado”, salienta.
Wagner reforça que a indústria do aço desempenha um papel fundamental na economia dos países e gera empregos diretos e indiretos de qualidade (quase 1.400.000 na América Latina). Por sua vez, o produto é a espinha dorsal da manufatura e construção e é um insumo fundamental para outros setores econômicos estratégicos, incluindo infraestrutura, mineração, energia e transporte. “As importações de aço da Ásia ameaçam não apenas os empregos da indústria na América Latina, mas também o meio ambiente, já que a pegada de carbono da nossa região é em média de 1,6 toneladas de CO2 equivalente por tonelada de aço produzida; a do mundo, 1,9 toneladas e a da China é de 2,2 toneladas de CO2”, relata Wagner.
O executivo explica que o excesso de capacidade global foi impulsionado por muitos fatores, incluindo intervenções governamentais que distorcem os mercados e a concorrência, inclinando o campo de atuação para produtores ineficientes, incentivando práticas comerciais injustas e desencorajando a produção eficiente e sustentável. “Neste sentido, constitui a maior ameaça à viabilidade a longo prazo desta indústria crítica, numa altura em que necessita de estabilidade de mercado e saúde financeira para inovar e caminhar para um futuro sustentável”, finaliza.

Foto: Adobe Stock

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