Expansão consciente
Texto: Redação Revista Anamaco
O primeiro dia de conteúdo do 2º Encontro Acomac Ceará, que acontece até domingo (16 de junho), no Hotel Vila Galé Cumbuco, em Caucaia (CE), nas proximidades de Fortaleza, começou com a palestra "Afinando a Orquestra", com maestro Poty. Motivacional, teve como intuito mostrar como a gestão é importante no sucesso das empresas e o papel do líder e de cada colaborador (representado por cada um dos membros de uma orquestra). Ao final, os participantes subiram ao palco para uma interação com o maestro. A palestra foi seguida de outra apresentação, "Felicidade dá lucro", com Francílio Dourado Filho.
Na sequência, o palestrante foi Juliano Bortolotto, diretor de Suprimentos do Grupo Todimo. O executivo lembrou que, quando recebeu o convite de Carlito Lira, presidente da Associação dos Comerciantes de Material de Construção do Ceará (Acomac-CE), pensou sobre o que poderia acrescentar ao Encontro. Ciente do público que estaria na plateia para ouvi-lo, optou por contar a história da Todimo e sobre a mudança que aconteceu desde a chegada à empresa de um investidor americano.
Bortolotto comentou que há em atuação no País algumas empresas multinacionais no varejo do setor e o restante são companhias familiares, que muito se assemelham a Todimo. O executivo contou que a origem da empresa é o Paraná, mas há 36 anos chegou ao Mato Grosso.
O Grupo, entre outros negócios, conta com 23 lojas de material de construção, no Mato Grosso, Paraná e Mato Grosso do Sul e uma distribuidora do setor e, segundo o diretor, tem a missão de promover o crescimento estruturado, maximização dos resultados, preservando valores, oferecendo produtos e serviços diferenciados e buscando, constantemente atender às expectativas dos consumidores, dos fornecedores e da sociedade. “Nossa visão é ser referência em modelo de gestão dos negócios de material de construção”, destacou.
O executivo observou que o que mais pesa nas operações é a logística. Dessa forma, revelou que o Grupo possui, também uma transportadora. Ele explicou que, embora não seja um negócio que dê lucro, permite que a organização tenha uma operação melhor.
O palestrante explicou que, embora apareçam oportunidades para abrir lojas em locais onde ainda não atua, o foco de atuação é estar na região do agronegócio brasileiro. “Como o Brasil é tão gigante, talvez quem está no Nordeste não conheça a riqueza do agronegócio. Somos o segundo maior produtor de alimentos do mundo, perdendo apenas para os Estados Unidos. Até o ano passado, tivemos sucessivas safras recordes. O Brasil que dá certo é o Brasil do agro”, ressaltou.
Ele explicou que a empresa é focada nessa região porque conhece as mudanças que acontecem. Ele deu como exemplo os anos de 2004 e 2005 quando houve uma grande crise no agronegócio. O Brasil estava bem, mas esse setor, não. Com isso, lembrou que há momentos distintos, mas que apesar disso é a região que mais cresce no País. “Nós entendemos essa região e para nós é determinante. Para onde vai a nossa expansão e para onde vamos crescer é sempre para a região do agronegócio brasileiro. Não temos interesses em outra região”, garantiu.
Bortolotto mostrou a evolução do Grupo ao longo do tempo, desde a inauguração da primeira unidade em Várzea Grande, no Mato Grosso, em 1983. Mostrou a entrada no mercado do Paraná, no ano de 2004, e chegou até 2019, quando inaugurou a primeira unidade no Mato Grosso do Sul. “Em 2014, demos um passo importante para a empresa, quando trouxemos como sócio um fundo de investimentos americano, que aportou recursos no Grupo e comprou quase 24% da empresa”, explicou.
Segundo ele, na empresa familiar não há divisão para o que vai ser investimento e o que será capital de giro. Com isso, justifica a chegada do fundo de investimentos. “O dinheiro que entrou para a empresa foi 100% para o caixa e não para os sócios. Quando a crise chegou, já estávamos capitalizados”, disse.
Se com uma disponibilidade de caixa menor, a Todimo já estava em expansão, com a chegada do sócio, a companhia deu um salto maior. Com isso, as inaugurações já previstas em 2015 foram efetivadas, mas durante toda a crise, em vez de usar o dinheiro para abrir novas lojas, ficou com o dinheiro em caixa. “Cabeça de varejista funciona assim: Se tem dinheiro, vamos abrir lojas. Naquele momento fizemos o contrário porque o fundo nos deixou mais disciplinado”, ressaltou, acrescentando que, de 2016 a 2017, a organização ficou sem abertura de pontos de venda e esperando a crise passar.
O diretor avalia que foi uma decisão acertada porque, no ano passado, a empresa tinha dinheiro e endividamento baixo e decidiu que era o momento de voltar a investir, mesmo sem saber quem seria o próximo presidente da República. Com isso, em maio de 2018, foi feita uma gestão financeira e de processos na companhia, o que definiu o plano de expansão, que contemplou a entrada da Todimo no Mato Grosso do Sul. Bortolotto explicou que com a disciplina que teve e que - como empresa familiar - não tinha num passado muito próximo, chegou a Campo Grande com um home center e abriu mais uma revenda no Paraná.
O executivo antecipou que chegará ao final de 2019 com 26 unidades, já que está prevista a abertura de mais dois pontos de venda no Mato Grosso do Sul e um no Paraná. “Mais do que falar em expansão, o importante é falar que estamos crescendo com geração de caixa próprio”, destacou.
Bortolotto disse, ainda, que o Brasil é muito instável e não dá para acreditar que tudo vai dar certo e não vai ter crise. Sendo assim, as empresas familiares pensam em fazer dívida porque contam com imóveis, mas reforçou que dívida se paga com dinheiro. “É preciso ter disciplina financeira e determinante para perpetuar a empresa familiar. A falta dela pode ser muito perigosa”, finalizou.
O restante do dia foi dedicado ao lazer, que incluiu lazer, praia e passeio de buggie. Além disso, os participantes puderam participar das rodadas de negócios nos estandes de alguns patrocinadores.
Fotos: Grau 10 Editora