Famílias aumentam o endividamento, mas conseguem estabilizar a inadimplência - Revista Anamaco

Endividamento e inadimplência

Famílias aumentam o endividamento, mas conseguem estabilizar a inadimplência

Texto: Redação Revista Anamaco

De acordo com a Pesquisa Nacional de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), realizada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o percentual de famílias que relataram ter dívidas a vencer (cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, crédito consignado, empréstimo pessoal, cheque pré-datado e prestações de carro e casa) foi de 78,8% em maio, ficando acima do resultado de abril, e representa o terceiro aumento consecutivo, estando também além do nível de maio de 2023 (78,3%). Isso revela que as famílias continuam aumentando sua demanda por crédito, aproveitando o menor custo com juros.
O estudo indica que, além de estarem mais endividadas, houve continuação do aumento do percentual de pessoas que se consideram “muito endividadas”, 17,8%, o maior percentual desde outubro do ano passado.
No entanto, esse maior volume de dívidas não aumentou a inadimplência, dado que o percentual de famílias com dívidas em atraso manteve-se em 28,6% pelo segundo mês, abaixo do percentual de maio de 2023.
Já no percentual de famílias que não terão condições de pagar dívidas, houve ligeira redução da inadimplência, com diferença de apenas 0,1 ponto percentual, e, nesse caso, supera o indicador do mesmo mês do ano passado. Apesar dessa melhora para arcar com os custos das dívidas, 20,8% dos consumidores chegaram em maio com mais da metade dos rendimentos comprometidos com dívidas, um aumento de um ponto percentual na comparação com o mesmo mês do ano passado.
Para conseguir ter melhor controle financeiro, as famílias contam com prazos longos para pagamento das suas contas. Tanto que o percentual de famílias comprometidas com dívidas por mais de um ano permaneceu em 32,4%. Além disso, o percentual de famílias com dívidas em atraso por mais de 90 dias teve uma ligeira queda de 0,1 p.p. em relação ao mês anterior, chegando a 47,3% do total de endividados em maio deste ano. Por outro lado, houve aumento da proporção com atrasos entre 30 e 90 dias para 29,2%. Dessa forma, o tempo médio de atraso está sendo reduzido e foi de 64 dias em maio.
A análise dos dados desagregados por renda indica que a maior parte da população aumentou o seu endividamento, tanto em relação ao mês anterior quanto a 2023. A classe mais alta (acima de 10 SM) foi a única com redução de suas contas. Já que esses consumidores possuem mais recursos, não são tão vulneráveis às variações do crédito.
Situação similar pode ser observada no percentual com dívidas em atraso. Essa classe de maior renda teve redução da inadimplência, com a população de baixa renda apresentando um percentual de 35,9%, maior do que no mês anterior e abril de 2023.
O levantamento mostra, ainda, que a queda do volume das famílias que não terão condições de pagar as dívidas em atraso ocorreu na maioria das faixas de renda, com o grupo de menor renda (abaixo de 3 SM) sendo a maior influência de aumento.
Nesse cenário, o cartão de crédito obteve a maior participação no volume de endividados no mês, sendo utilizado por 86,9% do total de devedores, contudo houve retração de 0,4 p.p. na comparação com o mesmo mês do ano passado e de 0,2 p.p. diante do mês anterior. Os carnês e cheque especial continuaram perdendo representatividade na carteira de crédito dos consumidores em relação ao ano passado (-0,5 p.p. e -0,1 p.p., respectivamente). Enquanto o financiamento imobiliário apresentou o maior crescimento anual (+1,6 p.p.), resultado do mercado de crédito com juros mais acessíveis. Esse foi o maior percentual de utilização (8,7%) desde fevereiro de 2022.

Foto: Adobe Stock

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