Famílias cautelosas
Texto: Redação Revista Anamaco
De acordo com a pesquisa realizada pela a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), a Intenção de Consumo das Famílias (ICF) iniciou janeiro com queda de 0,5%, descontados os efeitos sazonais, o que representa o segundo resultado negativo consecutivo. Apesar disso, o nível de satisfação (acima dos 100 pontos) foi mantido e sinaliza que, mesmo com desaquecimentos, não há uma visão predominantemente negativa por parte dos consumidores, ou seja, não sinaliza uma crise no consumo das famílias.
Na variação anual, houve crescimento de 12,8%, ou seja, os consumidores estão mais positivos em janeiro/2024 do que estavam no mesmo mês do ano passado. Desde setembro, a variação ano contra ano vem perdendo tração, alertando que, mês a mês, mais consumidores estão revisando as suas perspectivas quanto ao consumo. Na avaliação da entidade, a causa dessa tendência de desaquecimento é justificada pelos outros componentes do ICF, com destaque para as perspectivas quanto a acesso a crédito, momento para duráveis e perspectiva para o consumo atual.
O estudo indica que a desaceleração da inflação em 12 meses desde setembro do ano passado ajudou as famílias a serem mais positivas em relação à Renda Atual, tendo uma sensação de maior poder de compra. Com isso, esse item atingiu o maior patamar desde março de 2015.
A melhora do mercado de trabalho, mesmo que em menor ritmo, também influenciou esse resultado. Desse modo, o comportamento desses subindicadores do ICF sinaliza que pode estar iniciando a alteração da trajetória em direção a uma perspectiva mais positiva para a compra de duráveis.
Ao contrário do mês passado, o destaque de janeiro foi o avanço de 0,5% no Momento para Compra de Duráveis. O levantamento revela a maior parte da população ainda acredita ser um mau momento para consumo desses bens (59,5%), porém foi o menor percentual desde março de 2020. Essa proporção está sendo substituída por aqueles que sentem ser um bom momento para essas compras, tendo o maior percentual (33,7%) desde março de 2020.
A pesquisa mostra, ainda, que os indicadores em relação ao mercado de trabalho apresentaram resultados melhores do que no ano passado; no entanto, desde dezembro, os consumidores vêm mostrando preocupação com o Emprego Atual nas taxas mensais. O subindicador do ICF de perspectiva profissional vem retraindo de forma mais intensa desde julho de 2023. Segundo a CNC, o direcionamento da renda para pagamento de dívidas passadas e contas geradas no mês freou a evolução do consumo. Com isso, o Consumo Atual demonstrou queda pelo segundo mês consecutivo. Nesse cenário, a perspectiva para o consumo teve influência da preocupação das famílias em relação ao emprego e endividamento, com quedas mais intensas e de forma mais prolongada, sendo novamente o destaque negativo do mês.
Mesmo com essa percepção mais pessimista, o subindicador permanece acima do observado no Consumo Atual e do nível de satisfação, com 109,8 pontos, demonstrando que os consumidores enxergam uma melhora do ambiente econômico nos próximos meses.
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