Famílias cautelosas
Texto: Redação Revista Anamaco
De acordo com a Pesquisa Nacional de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o percentual de famílias que relataram ter dívidas a vencer (cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, crédito consignado, empréstimo pessoal, cheque pré-datado e prestações de carro e casa) reduziu pelo quarto mês consecutivo, alcançando 76,9% em outubro e ficou igual ao resultado do mesmo mês do ano passado. Essa tendência de queda, na análise da entidade, confirma a maior cautela das famílias com o crédito.
Assim como em setembro, a queda da percepção de endividamento foi acompanhada por movimento similar no nível de endividamento, com redução do percentual de pessoas que se consideram “muito endividadas”, alcançando 15,5%, o menor nível desde dezembro de 2021. Enquanto o daquelas que “não têm dívidas desse tipo” avançou, indo para 23,1%, o maior percentual desde novembro do ano passado.
O estudo indica que, mesmo com menor endividamento, houve o segundo aumento consecutivo do percentual de famílias com dívidas em atraso, 29,3%. O percentual de famílias que não terão condições de pagar as dívidas em atraso também aumentou, indo para 12,6%, com ambos os resultados se mantendo em nível menor do que em igual mês de 2023. Esses foram os maiores percentuais desde outubro de do ano passado.
A pesquisa mostra, ainda, que o percentual de famílias com dívidas em atraso por mais de 90 dias continuou tendo incremento em relação ao mês anterior, chegando a 50,4% do total de endividados em outubro, o maior percentual desde fevereiro de 2018, mostrando que, além de ter tido aumento do nível de contas atrasadas, esses atrasos estão permanecendo por mais tempo.
O percentual dos consumidores que têm mais da metade dos rendimentos comprometidos com dívidas seguiu o mesmo caminho e continuou a apresentar alta, atingindo 20,5%, o maior percentual desde maio de 2024.
Nas modalidades de crédito, o cartão de crédito segue com a maior participação no volume de endividados no mês, sendo utilizado por 83,5% do total de devedores; contudo, houve retração de 3,5 p.p. na comparação com outubro de 2023.
A categoria de crédito pessoal continuou se destacando, com aumento de 2,7 p.p. na comparação anual, tendo maior procura por causa das constantes reduções das taxas de juros dessa modalidade em relação ao ano passado, tendo a menor taxa desde fevereiro deste ano, sem ser afetada ainda pela evolução da Selic.
Já carnês continuaram perdendo representatividade na carteira de crédito dos consumidores (-0,7 p.p. em relação ao ano passado), mas permaneceram como a segunda categoria mais utilizada, estando apenas 4,2 pontos percentuais acima da terceira categoria, justamente crédito pessoal.
O levantamento indica que, na comparação mensal, a maior parte da população reduziu seu endividamento independentemente da renda, com aumento apenas entre aqueles que recebem até três salários mínimos, necessitando desses recursos para seu consumo.
Em relação ao aumento do percentual de famílias que não terão condições de pagar essas dívidas, também foi concentrado na parcela de menor renda, tendo um aumento para as famílias com até cinco salários mínimos.
Tendência similar é observada no indicador dos consumidores que não terão condições de pagar dívidas atrasadas. Nesse caso, apenas as famílias com renda entre cinco e 10 salários conseguiram reduzir o percentual, tendo todas as outras mostrado maior dificuldade de arcar com suas contas.
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