Futuro incerto no varejo - Revista Anamaco

Termômetro Anamaco Sebrae

Futuro incerto no varejo

Texto: Redação Revista Anamaco 

A nova edição do Termômetro Anamaco, pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre) para a Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção (Anamaco), divulgada ontem, 15 de março, e que retrata o cenário do setor no mês de fevereiro, mostrou que houve uma significativa melhora na percepção dos lojistas em relação às vendas no período. Este cenário, entretanto, conforme alerta o relatório da FGV Ibre, pode já estar alterado neste momento, em função do agravamento da pandemia do novo coronavirus e do endurecimento das medidas regionais de isolamento social, que vem fechando as portas lojas de material de construção para atendimento presencial em vários municípios brasileiros.
Em fevereiro, entre os lojistas entrevistados de todo o Brasil, 45% mostraram-se otimistas, contra 33% em janeiro. Em termos regionais, os maiores níveis de otimismo com as vendas foram observados no Nordeste (63%), seguido das Regiões Sul (51%) e Centro-Oeste (49%). Na outra ponta, os menos otimistas foram os lojistas do Norte (45%) e Sudeste (35%).
O levantamento aponta que a única Região na qual as respostas pessimistas superaram as otimistas em fevereiro (3 p.p.) foi a Sudeste. Nas demais, o mesmo indicador variou de 22 p.p. no Norte a 42 p.p. no Nordeste, sempre em favor das assinalações de alta nas vendas.
Na análise por principais categorias de produtos vendidos, a avaliação positiva das lojas de produtos básicos chegou a 50% contra apenas 38% em janeiro. No sentido contrário, os pontos de venda especializados na venda de revestimento cerâmico se mostraram mais pessimistas. Em fevereiro, 28% dos revendedores apontaram alta nas vendas, contra 31% em janeiro. No período, a indicação predominante foi de estabilidade: 46%, a maior dentre as categorias pesquisadas para essa percepção.
No varejo de material elétrico, as indicações de queda superaram as de alta em 4 p.p., diferencial que chegou a 10 p.p no comércio de material hidráulico e a 5 p.p. nas lojas de pintura. O estudo aponta ainda, que, em fevereiro, o maior aquecimento das vendas foi sentido em material básico, seguido por tintas e vernizes.

Melhora gradativa

Quando a pesquisa avalia o comportamento de vendas nos últimos três meses, em nível nacional, as notificações de alta passaram de 39% para 44% entre janeiro e fevereiro. No recorte regional, essa melhora foi observada em todo o País, exceto no Sudeste. As percepções de crescimento recente chegaram a 62% no Nordeste, 49% no Sul, 46% no Norte e 45% no Centro- Oeste. No Sudeste, na comparação entre janeiro e fevereiro, recuou de 40% para 34%.
Considerando os estabelecimentos segundo a principal categoria de produtos comercializada, os números da pesquisa revelam resultados bastante variados. Assim, as lojas especializadas em produtos básicos se mostraram mais otimistas: 51% de assinalações de alta contra 34% em janeiro.
No oposto estão as especializadas em material elétrico, segmento no qual as assinalações positivas caíram, passando de 42% para 24% no mesmo período. Perfil semelhante foi registrado no varejo especializado em tintas, onde a percepção de alta nas vendas caiu de 45% para 34%. Já as empresas de revestimentos cerâmicos foram as menos otimistas em fevereiro, com apenas 24% de assinalações positivas sobre os últimos três meses contra 31% em janeiro.
Houve melhora no comércio especializado em material hidráulico, onde a percepção de alta nas vendas passou de 22% para 34% entre janeiro e fevereiro. 

Cenário ainda incerto

Vale ressaltar que a pesquisa foi realizada antes de novas restrições ao comércio serem implantadas em vários Estados do País. O varejo de material de construção que, desde o começo da pandemia, estava inserido no rol de atividade essencial e que, portanto, permaneceu funcionando desde o começo da crise sanitária, em alguns Estados, a exemplo de São Paulo, está com o funcionamento limitado a entregas e drive-thru, sem atendimento presencial. 
Existe, ainda, a dúvida sobre a continuidade nas obras e pequenas reformas que foram realizadas no início da pandemia. No ano passado, a combinação isolamento social e pagamento do auxílio emergencial culminou com o aquecimento nas vendas de material de construção. Mas, agora, a questão é saber se o ciclo de reformas se esgotou ou se o ritmo se manterá.
No cenário, antes das novas regras estaduais, o levantamento revela que, em quase todas as regiões brasileiras as expectativas de queda nos próximos meses não atingiram a marca de 20%, com exceção do Sudeste, cujas assinalações de queda esperada nas vendas foram de 22%. Nessa Região também foi registrado o menor percentual de respostas otimistas: 46% contra 56% em janeiro. Nesse contexto, os maiores níveis de otimismo foram observados no Norte e Nordeste (60%).
Na análise segundo as principais categorias de produtos vendidos, em fevereiro, os mais otimistas quanto ao futuro foram as lojas especializadas em produtos básicos (58% de respostas otimistas), seguidas pelos revendedores de material elétrico (45%). As menos otimistas foram as especializadas em revestimentos cerâmicos (31%) e material hidráulico (28%).
Em fevereiro, as expectativas otimistas quanto às ações do governo nos próximos 12 meses caíram abaixo de 40% pela primeira vez na série iniciada em junho de 2020. Em sentido contrário, as assinalações pessimistas avançaram pelo segundo mês consecutivo, chegando a 34%.
Em termos regionais, as maiores quedas nas avaliações positivas foram observadas no Centro-Oeste (37 p.p.) e no Sul (18 p.p.). Com isso, essas duas regiões passaram a responder pelos menores níveis de expectativas positivas quanto à futura ação do governo: 30% e 32%, respectivamente. No Sudeste, onde esse mesmo otimismo havia caído de forma expressiva em janeiro, as assinalações positivas ficaram praticamente estáveis em fevereiro, passando de 38% para 39%.

Foto: Adobe Stock

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