Inadimplência atinge recorde na capital paulista
Texto: Redação Revista Anamaco
O percentual de famílias que não conseguiram quitar as dívidas dentro do prazo registrou recorde em março na capital paulista. De acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), 23,1% dos lares paulistanos estão nesta situação, o maior nível da série histórica, iniciada em 2010.
O cenário, segundo o estudo, é resultado da inflação sobre o orçamento familiar, pressionando por mais crédito para manter o consumo básico. A pesquisa indica que, no comércio varejista, a limitação das compras ditará um ritmo mais fraco nas vendas no primeiro semestre. Atualmente, 927 mil lares estão com as contas em atraso. São 55 mil a mais do que no mês anterior e 194 mil acima do registrado no mesmo período de 2021.
Nesse contexto, o percentual de famílias que afirmam que não conseguirão pagar as dívidas atingiu o maior patamar desde outubro de 2018: são 9,4% nesta situação. Em termos absolutos, 374,7 mil vão precisar renegociar com bancos, financeiras e lojas para evitar multas e juros elevados, que agravam a situação, pois há mais incidência de taxas, e, consequentemente, sobram menos recursos para o consumo diário.
No terceiro mês do ano, o endividamento voltou a subir e alcançou 74,3% dos lares. São 2,98 milhões com algum tipo de dívida - aumento anual de 627 mil. Para 88,5%, o cartão de crédito continua sendo o principal meio para compras a prazo. Na segunda posição, ficaram os carnês, com 18,3%. O porcentual registrou a segunda queda consecutiva e o menor patamar desde julho do ano passado, reflexo dos aumentos dos juros e do risco de inadimplência, que têm levado os estabelecimentos a restringirem este tipo de crédito. Na sequência, ficaram o financiamento de carro (14,4%) e o crédito pessoal (10,7%).
De acordo com o levantamento, 7,2% dos entrevistados pensam em contrair crédito ou financiamento nos próximos três meses, o maior porcentual desde maio de 2020. Destes, 66,4%, afirmam que usariam o crédito para consumo; 21,5%, para quitação de dívida; e 9,4%, para pagamento de contas. Entretanto, apesar de a maior parte ser destinada às compras, diante do cenário atual, o que pode justificar esta intenção são os gastos básicos com alimentos, e não a expansão do consumo em bens duráveis.
Foto: Adoobe Stock