Dados preocupantes

Inadimplência crescente

No último mês de maio, o número de consumidores com contas atrasadas e registrados nos cadastros de inadimplência apresentou nova aceleração, avançando 4,79%, em relação ao mesmo mês do ano passado. No acumulado dos cinco primeiros meses de 2015, a alta atinge 4,63%.
De acordo com dados do indicador calculado pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), o crescimento observado em maio é o maior desde agosto do ano passado e a mais intensa variação anual para os meses de maio desde 2013. Os economistas estimam que ao final daquele mês havia, aproximadamente, 56,5 milhões de brasileiros com o CPF negativado em todo o País. Isso significa dizer que, entre dezembro de 2014 e maio de 2015, houve um aumento líquido de dois milhões de novos adultos devedores.
Na comparação mensal, entre abril e maio deste ano, o número de pessoas inadimplentes também apresentou uma ligeira aceleração, passando de 1,16% para uma alta de 1,20%. Marcela Kawauti, economista-chefe do SPC Brasil, explica que o aumento na base mensal de comparação, sem sazonalidade, foi puxado principalmente pelos devedores que têm dívidas atrasadas entre 91 e 181 dias - crescimento de 7,27%. "O dado sugere que os novos inadimplentes se concentram no grupo que adquiriu dívidas no início do ano e no período natalino de 2014", afirma.
Na análise de Honório Pinheiro, presidente da CNDL, as consecutivas altas da inadimplência no segundo trimestre coincide com o período de piora dos indicadores macroeconômicos, como inflação, renda e emprego, que afetam a capacidade de pagamento das famílias. "Ao longo do segundo semestre de 2014, o indicador vinha sendo puxado para baixo por conta da menor disponibilidade de crédito na economia. No entanto, a partir de março, o que se verifica é um novo repique da inadimplência. A alta dos preços diminui o poder de compra do brasileiro, que já encontra dificuldades em honrar o pagamento de suas dívidas em dia", explica Honório.
A abertura do indicador de dívidas em atraso por setor da economia revela que o brasileiro tem enfrentado dificuldades para realizar o pagamento, até mesmo, de contas básicas. O maior avanço no número de dívidas foi causado pelos atrasos cujos credores são as empresas concessionárias de serviços como água e luz, com alta de 13,31% na base anual de comparação. "O resultado também reflete a disposição crescente dessas concessionárias em negativar os consumidores inadimplentes, como forma de acelerar o recebimento dos compromissos em atraso", afirma a economista do SPC Brasil.
Em segundo lugar, destaca-se o crescimento de 12,02% das dívidas cujos credores são do segmento de telefonia, internet e TV por assinatura, seguido pelo segmento de bancos, que engloba dívidas no cartão de crédito, empréstimos, financiamentos e seguros, com alta de 10,10%. Com relação aos bancos, destaca-se o fato de que a inadimplência neste segmento tem acelerado - em janeiro as dívidas em atraso com o setor cresciam somente 2,39%. Além disso, ainda que o crescimento das dívidas no setor de contas de água e luz seja o principal destaque do mês de maio, o ramo de bancos é o principal setor credor com participação de quase metade (48,56%) no total de dívidas em atraso, seguido do comércio, com 19,85%, que no último mês mostrou queda (-0,29%) na base anual de comparação.
O indicador de inadimplência do consumidor considera todas as informações disponíveis nas bases de dados do SPC Brasil (Serviço de Proteção ao Crédito) da CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas). A abrangência é nacional, com informações de capitais e cidade do interior das 27 unidades da Federação.

Inadimplência crescente
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