Inadimplência estável - Revista Anamaco

Endividamento e inadimplência

Inadimplência estável

Texto: Redação Revista Anamaco

Criado há quase um ano, o Programa Desenrola Brasil, do Governo Federal, na análise da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), não surtiu os efeitos esperados - pelo menos levando em conta a realidade das famílias paulistanas. Os dados de abril da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), elaborada pela entidade, mostram uma estabilidade na inadimplência.
Em julho do ano passado, quando o Desenrola começou, 24,1% das famílias na cidade de São Paulo estavam com alguma conta atrasada. Em abril, esse volume foi de 22,6%. Entre os lares sem condições de pagar as dívidas, o número permaneceu praticamente o mesmo: 9,9% naquele mês, encerrando o último período em 9,8%.
Na comparação mensal, o endividamento cresceu 2,1 pontos porcentuais (p.p.) entre março e abril deste ano. Em números absolutos, há 2,87 milhões de famílias com alguma despesa ativa. A inadimplência, por sua vez, manteve-se praticamente a mesma, somando 920 mil casas nessa situação na cidade. 
O estudo revela que quase nove em cada dez famílias paulistanas (87,9%) estão endividadas com a fatura do cartão de crédito que, desde a pandemia de Covid-19, é usado mais como instrumento de manutenção do consumo doméstico do que para gastos de longo prazo. Esse fenômeno tem efeitos no tempo médio da dívida, que, hoje, é de quase oito meses. 
O crédito pessoal é o segundo maior motivador de endividamento (15,9%). De acordo com a Federação, muita gente tem preferido manter o consumo de bens duráveis do que pagar as dívidas antigas - ou, em alguns casos, já as liquidaram, voltando agora a consumir. Essa percepção é corroborada pelo fato de dois em cada dez paulistanos (18,3%) estarem pensando em pedir um empréstimo nos próximos três meses, porcentual que era de 10,1% em abril de 2023.
Por outro lado, o último mês de abril marcou uma redução na média temporal no atraso das contas, saindo de 66,4 dias, até a despesa ser liquidada, para 65,9 dias. Segundo a FecomercioSP, ainda que seja uma queda pequena, impacta de forma relevante o orçamento doméstico, na medida em que diminui a cobrança de juros. Em abril, a inadimplência só não diminuiu por causa das famílias de alta renda (acima de 10 salários mínimos): uma em cada dez (13,8%) está com contas atrasadas, segundo a pesquisa. É o nível mais alto, dentro desse recorte, desde o início da série histórica da PEIC, em 2010.

Foto: Adobe Stock

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