Indústria do cimento contribui para destinação sustentável do lixo no Paraná
Texto: Redação Revista Anamaco
O Consórcio Intermunicipal para Gestão de Resíduos Sólidos Urbanos (Consresol) e a Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP) assinaram um acordo de cooperação técnica para viabilizar o tratamento dos resíduos sólidos dos municípios paranaenses consorciados para a produção de Combustível Derivado de Resíduos Urbanos (CDRU), com destinação para o uso em fornos das cimenteiras instaladas na região metropolitana de Curitiba (PR).
O CDRU representa uma oportunidade para o setor cimenteiro e para a sociedade como um todo. Trata-se de um substituto energético do coque de petróleo, utilizado como combustível para a fabricação de cimento, que oferece inúmeros benefícios ambientais e sociais.
Com essa substituição é possível reduzir, significativamente, as emissões de carbono, contribuindo para a mitigação dos impactos das mudanças climáticas. Além disso, o coprocessamento de novas fontes energéticas e renováveis nas fábricas de cimento ajuda a diminuir a quantidade de resíduos dispostos em aterros sanitários, evitando passivos ambientais e problemas de saúde pública.
Paulo Camillo Penna, presidente da ABCP, explica que o Consórcio é responsável pela implementação do projeto em sua região de atuação, composta por 24 municípios. Segundo ele, com investimentos privados que podem chegar a R$ 500 milhões, o projeto prevê a adequação das fábricas de cimento e a construção de unidades de preparo do CDRU. Além disso, a iniciativa tem potencial para gerar cerca de 400 novos postos de trabalho, contribuindo para o desenvolvimento econômico da região.
As três fábricas de cimento instaladas na região possuem capacidade para consumir, anualmente, entre 200 mil e 300 mil toneladas de CDRU. “O setor cimenteiro pode colaborar no aumento da vida útil dos aterros sanitários e industriais. Ademais, fomenta o progresso dos níveis de reciclagem, com a recuperação de áreas contaminadas, além da redução de emissão do gás metano. Portanto, este acordo traz um enorme potencial para ampliar as discussões e achar alternativas viáveis para que os investimentos necessários para uma destinação ambientalmente mais adequada ocorram na cadeia como um todo, trazendo, portanto, benefícios concretos ao meio ambiente e à sociedade”, salienta Penna.
A indústria do cimento é um dos segmentos com maior potencial para operar com grandes volumes de lixo doméstico não reciclável. A tecnologia de coprocessamento transforma resíduos sólidos urbanos e industriais e passivos ambientais em energia térmica. Neste processo, o resíduo substitui parte do combustível que alimenta a chama do forno para a produção do clínquer (principal matéria-prima do cimento). Uma opção segura para a destinação adequada e sustentável de resíduos e de passivos ambientais em fornos de cimento.
O setor de cimento também estabeleceu suas metas em relação à redução dos seus níveis de emissão dos gases de efeito estufa. Para isso, pretende chegar em 2050 utilizando 55% de combustíveis renováveis de diversas fontes, tais como: resíduos urbanos sem reciclabilidade, lodo de esgoto, pneus inservíveis, agrícolas (casca de arroz, caroço do açaí, casca do babaçu, poda de árvores) e resíduos industriais. “Atualmente, a matriz energética já utiliza 26% de combustíveis alternativos, equivalente a quase 2.5 milhões de toneladas por ano, e tem conseguido reduzir, gradativamente, a cada ano sua dependência do coque de petróleo, combustível fóssil, altamente emissor e em sua grande parte importado, sujeito às variações constantes de preço do mercado internacional”, explica o presidente da ABCP.
Para tanto, a indústria do cimento tem como meta a inovação e o desenvolvimento tecnológico, que visa oferecer um cimento de qualidade que atenda às necessidades crescentes do País. “Somado a isso, temos o compromisso de atingir nossas metas de emissão, ao mesmo tempo em que desempenhamos um papel relevante na destinação mais adequada dos diversos tipos de resíduos, muitas vezes descartados em locais inadequados quando poderiam ser reaproveitados dentro do processo produtivo em conformidade com a economia circular”, finaliza