Intenção de consumo das famílias tem nova queda histórica e volta ao patamar de 2016
Texto: Redação Revista Anamaco
A Intenção de Consumo das Famílias (ICF), medida pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), acumulou a terceira retração mensal consecutiva em junho de 2020 (-14,4%), renovando o recorde de queda mais intensa desde o início da realização da pesquisa em janeiro de 2010. O indicador chegou a 69,3 pontos, atingindo o menor patamar desde julho de 2016. No comparativo anual, o recuo foi ainda maior: -24,1%. O índice está abaixo do nível de satisfação (100 pontos) desde 2015.
José Roberto Tadros, presidente da CNC, reitera a influência dos impactos econômicos causados pelo coronavírus nos resultados. “Essa insatisfação na expectativa de consumir corrobora os novos hábitos de compra dos brasileiros, demonstrados, no momento atual, com as famílias mais cautelosas com a sua renda, tanto no curto prazo quanto em relação ao ano passado”, afirma Tadros.
Ainda sobre o consumo, as perspectivas dos entrevistados para o futuro reforçam esse comportamento precavido. Mais da metade das famílias (58,9%) acredita que vai consumir menos nos próximos três meses, o maior percentual desde setembro de 2016.
Segundo o levantamento, os indicadores referentes ao mercado de trabalho também mostram um cenário negativo. A parcela de brasileiros que se sentem menos seguros com o seu emprego atingiu o nível mais elevado da série (32,6%).
Nesse cenário, o subíndice Emprego Atual registrou suas quedas mais significativas, tanto no comparativo mensal (-12,6%) quanto no anual (-23,7%), caindo ao menor nível histórico (88,5 pontos).
As avaliações negativas sobre a renda atual também fizeram com que este indicador alcançasse o menor nível da série histórica (84 pontos) em junho, após quedas mensal (-13%) e anual (-21,8%).O estudo aponta, ainda, que em relação à perspectiva profissional, 60,1% dos entrevistados demonstraram pessimismo para os próximos seis meses, contra 51,5% em maio e 43,5% em junho de 2019. Com recuo mensal de 19,7% e anual de 31,8%, o item também atingiu, neste mês, sua pior pontuação na série (69,9 pontos).
O indicador que mede o nível de acesso ao crédito foi o único entre os subíndices que apresentou variação anual positiva (+1,1%). Com 87,5 pontos, porém, o item registrou a segunda queda seguida no comparativo mensal (-5,5%).
A aquisição de bens duráveis segue se destacando negativamente. A pesquisa mostra que a parcela de consumidores que acreditam ser um mau momento para compra de duráveis, como eletrodomésticos, eletrônicos, carros e imóveis, atingiu 77%, o maior percentual deste item desde a primeira edição da Intenção de Consumo das Famílias. Assim como no mês passado, o indicador registrou as maiores quedas mensal e anual entre os índices de junho: -23% e -36,4%, respectivamente. Com isso, atingiu sua pior pontuação na história (40,4), terminando como o menor subíndice da pesquisa.
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