Intenção de consumo perde fôlego
Texto: Redação Revista Anamaco
De acordo com dados apurados pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), a Intenção de Consumo das Famílias (ICF) avançou 0,3% em outubro, descontados os efeitos sazonais, após estabilidade em setembro. Embora o indicador se mantenha no nível de satisfação (acima dos 100 pontos), a intenção de compra aponta desaceleração, com o crescimento mensal perdendo fôlego desde abril.
Na comparação anual, a intenção de consumo segue crescendo, mas a taxa é a menor desde outubro do ano passado. Segundo a entidade, os efeitos positivos da menor inflação sobre a renda e o nível de consumo se dissiparam a partir de agosto, moderando a avaliação dos consumidores sobre esses itens na segunda metade do ano. Além disso, há três meses, a perspectiva profissional apresenta queda, indicando que o consumidor passou a olhar para os próximos meses com ceticismo sobre o emprego.
O estudo indica que o destaque no mês e no ano é a recuperação do indicador de momento para aquisição de duráveis (2,4% e 56,7%, respectivamente). O índice permanece abaixo dos 100 pontos, mas os juros de mercado menores têm levado consumidores a programar a compra de bens de maior valor agregado a prazo.
Na avaliação da CNC, o movimento de queda dos juros e as campanhas de renegociação de dívidas aos poucos voltam a viabilizar o maior acesso ao crédito, embora as instituições financeiras estejam seletivas pela inadimplência ainda elevada.
Nesse cenário, do total de consumidores, 29,8% consideram que está mais fácil comprar via crédito em outubro, maior proporção desde maio de 2020. Por outro lado, o endividamento e a inadimplência, ainda elevados, limitam a capacidade de consumo das famílias e os efeitos benéficos da maior renda disponível com a desaceleração inflacionária.
A desaceleração do ritmo das contratações formais já leva os consumidores a olhar com cautela o mercado de trabalho nos próximos meses, em que a perspectiva profissional caiu 0,7%. Ou seja, os consumidores começaram a olhar com alguma desconfiança o emprego no futuro.
O levantamento revela que a intenção de consumo das famílias nas duas faixas de renda pesquisadas apresenta desaceleração desde setembro, com sinais mais claros de moderação do otimismo. Em outubro, a perspectiva de consumo nos próximos três meses das famílias com renda de até 10 SM cresceu 0,2%, após estabilidade em setembro. Entre os consumidores de alta renda (mais de 10 SM), a propensão a consumir nos próximos meses avançou 0,5%, após um setembro também estável.
Na faixa de maior renda, é maior o volume de consumidores pretendendo aumentar o consumo neste último trimestre do ano (43,9%), comparativamente aos da faixa de menor renda (39,6%). Para essas famílias de rendas baixa e média, a perspectiva profissional caiu pela segunda vez consecutiva (-1,2%), revelando que esses consumidores passaram a olhar com cautela o mercado de trabalho à frente.
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