Intenção de consumo tem leve recuo
Texto:Redação Revista Anamaco
De acordo com a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), a Intenção de Consumo das Famílias (ICF) recuou 0,2% em julho, descontados os efeitos sazonais, o que representa o primeiro resultado negativo desde o primeiro trimestre. A queda da intenção também é observada na análise anual. Apesar de ainda ter crescido 2,3%, foi a menor taxa desde junho de 2021.
O resultado positivo consecutivo da geração de emprego vinha impulsionando o consumo, aumentando o volume de assalariados e o nível de renda. O Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) continuou apresentando avanço no emprego formal em maio, porém com desaceleração desde fevereiro, acumulando crescimento de 3,7% em 12 meses, abaixo do crescimento de 4,1%, observado no emprego formal, no mesmo período de 2023.
Essa redução do ritmo de crescimento foi confirmada pelos consumidores. A Perspectiva Profissional - ICF foi a única que apresentou taxa negativa na comparação anual (-6,6%), revelando que, apesar de a percepção atual sobre o emprego estar mais favorável do que em julho de 2023 (+1,5%), os consumidores estão mais cautelosos em relação aos próximos resultados do mercado de trabalho. Já em relação ao mês anterior, a Perspectiva Profissional obteve a maior queda, confirmando o impacto do mercado de trabalho no consumo.
Na variação mensal, os resultados de Renda Atual - ICF e Momento para Compra de Duráveis ficaram em 0,2% e 1,6%, respectivamente. Com o mercado de trabalho evoluindo, apesar da desaceleração, e com a menor taxa de desocupação desde o início de 2015, a percepção da renda continuou aumentando, e o indicador alcançou o maior nível desde março de 2015 (125,3 pontos).
Contudo, a pesquisa revela que a atenção demonstrada pelos consumidores ao futuro do emprego levou a menor taxa de crescimento desse item desde o início de 2024.
O estudo mostra que o Acesso ao Crédito - ICF apresentou uma queda ainda mais intensa do que no mês passado (-0,6%), reafirmando o momento desafiador no mercado de crédito, observado em junho, em que o consumidor precisa equilibrar seu alto endividamento com o controle da inadimplência.
Com a piora nas condições atuais do mercado de trabalho e o crédito ainda seletivo, o Consumo atual - ICF voltou a ter taxas negativas (-0,4%), assim como a Perspectiva de Consumo - ICF (-0,6%).
Outro dado apurado pela pesquisa mostra que a crise climática vivida pelo Rio Grande do Sul teve forte impacto na intenção de consumo do Estado. Em julho, os efeitos persistiram com queda de 4,0% no indicador. Apesar de não ter sido tão intenso quanto em junho (-4,7%), foi a segunda maior retração desde outubro do ano passado. Todos os indicadores apresentaram quedas mensal e anual, sendo a percepção do Momento para Compra de Duráveis – ICF (-8,6%) o maior destaque, por serem produtos com maior valor agregado e considerados supérfluos; portanto, não são prioridade em um momento que os bens essenciais estão escassos.
Nesse cenário, a Perspectiva Profissional - ICF (-8,4%) foi a segunda maior queda. Na análise da CNC, esse movimento é coerente com o tempo que se leva para recuperar os trabalhos perdidos por conta dos estabelecimentos destruídos na enchente.
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