Liderança em tempos turbulentos
Texto: Redação Revista Anamaco
É consenso dizer que vivemos em tempos turbulentos. Empreender e liderar, que já não é tarefa das mais fáceis, torna-se uma missão ainda mais desafiadora em momentos de crise. Nesse cenário foi realizado, em 16 de novembro, on-line, o Fórum Internacional de Material de Construção. Na ocasião, Felipe Longo, CEO do Easy, cadeia de lojas com sede no Chile e com operações em vários países da América Latina, falou sobre “A importância da liderança em tempos turbulentos”.
Para ilustrar um momento de turbulência e fazer um comparativo com a realidade que o mundo todo vive, o executivo começou sua apresentação voltando a 1914 para falar sobre a missão Polo Sul, expedição, liderada por Ernest Shackleton, que tinha o objetivo de chegar ao Polo Sul caminhando. Com a missão definida, a embarcação com 28 tripulantes parte, mas logo eles percebem que as coisas estão complicadas com muito vento e gelo no caminho, o que começa a atrasar os planos da expedição.
Longo contou que o plano inicial era chegar à Antártida em dezembro, mas o tempo foi passando e o gelo, por todo lado, fez a expedição ficar presa e não conseguir avançar o suficiente. Percebendo que não iam sair com facilidade, o capitão decidiu que todos descessem do barco e começassem a picar o gelo com as mãos para tentar romper os icebergs e continuar avançando. Entretanto, a ideia não teve sucesso e, depois de duas semanas tentando liberar espaço, o capitão chamou os tripulantes e disse que teriam que passar o inverno todo por lá e esperar que, na primavera, o descongelamento permitisse o avanço. “Para manter a moral da equipe, o capitão mantinha a tripulação focada e trabalhando. Todos os dias tinham tarefas para fazer. Quando o tempo começa a melhor e o gelo a derreter, o capitão percebeu que o barco sofreu demais durante o inverno e constatou que o barco ia afundar”, explicou.
Dessa forma, a missão que era de exploração passou a ser uma missão de sobrevivência. Para não precisarem fazer a pé o caminho que faltava, a decisão foi pegar os três botes salva-vidas, encheram de mantimentos e com pertences que estavam no barco e começam a arrastá-los pelo gelo por centenas de quilômetros. A ideia era chegar até o mar aberto, o que aconteceu em abril de 1916. “Em agosto de 1916, dois anos após o início da missão, foram resgatados os homens que haviam ficado para trás”, comentou.
Diante de tantas dificuldades, a pergunta de Longo foi: o que faz com que algumas pessoas sejam capazes de manter a equipe funcionando, com uma fé inabalável, diante de uma situação tão extrema? Qual o segredo desse tipo de líder, que permite que sua equipe realize o que parecia ser impossível?
De volta aos dias atuais, o CEO lembrou que a todo momento desafios aparecem para os empresários e que vão agregando novas variáveis aos negócios. Na sua avaliação, estamos vivendo um momento em que nem os fatos do dia sabemos se são certos – vide as fake News. Não bastassem essas incertezas, surgiu o coronavírus, que trouxe ainda mais insegurança às informações.
No cenário de pandemia - novo a nunca antes vivido no País -, os executivos precisaram se posicionar sobre que decisões tomar frente à quantidade de incertezas que a sociedade está vivendo. “O mundo em que vivemos hoje é onde os sábios têm dúvidas e os ignorantes têm certezas”, destacou.
Como liderar nesse mar de turbulências? Longo apontou que lições são importantes em tempos de crise e o que os líderes devem passar para a equipe. A primeira delas é ter uma visão clara do futuro que quer construir e saber onde quer chegar. O segundo fator é saber se comunicar de forma clara e precisa com os colaboradores. A terceira lição do líder é se preocupar – genuinamente - e colocar a equipe em primeiro lugar. “O líder se preocupa com os funcionários, que cuidam dos clientes”, destacou, acrescentando que essa preocupação consiste em manter a operação funcionando e manter a coesão da equipe.
Para finalizar, o executivo usou uma frase que ouviu de John Venhuizen, CEO da ACE. “Líder é quem te leva onde você não poderia ter chegado sozinho”.
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