Missão da Acomac Joinville leva 35 empresários para negociar no Paraguai
Texto: Redação Revista Anamaco
Energia até 70% mais barata, imposto único de 10%, mão de obra jovem e uma lei trabalhista clara, segura e com raras decisões nos tribunais. Não é de hoje que o Paraguai tem chamado a atenção de empresários brasileiros para atuar no país vizinho.
Atenta a essas oportunidades, a Associação dos Comerciantes de Material de Construção de Joinville (Acomac Joinville) organizou uma missão, realizada de 03 e 05 de outubro, e levou 35 empresários brasileiros para negociar no Paraguai. “Imaginávamos que haveria interesse na viagem de negócios. Mas ficamos surpresos com a procura e o fechamento das vagas de forma rápida”, revela José Haveroth, presidente da Associação.
A primeira visita no país vizinho foi ao Complexo Empresarial Global, em Cidade do Leste, para conhecer os regimes de zona franca, regime geral, regime maquila, regime admissão temporária e complementos 6090. No local, estão instaladas 50 empresas - algumas delas são brasileiras e já estão negociando e usufruindo os benefícios que o Paraguai oferece a quem investe lá. “O sistema tributário paraguaio é bem simples”, afirma Rafael Macedo Gomes, advogado brasileiro que tem escritório em Joinville, Foz do Iguaçu e Hernandarias.
Em busca dessa facilitação tributária e trabalhista que o empresário Seiji Abe, proprietário da Koumei, transferiu a empresa do setor de iluminação da cidade paulista de Embu das Artes para o Complexo Empresarial Global. Numa área de 7.600m², a companhia faz projetos de iluminação e fabrica luminárias em LED. “No Paraguai não existem sindicatos. Os contratos trabalhistas são claros e oferecem tranquilidade para as empresas”, salienta Abe.
Com uma projeção de 5,3% de avanço na economia em 2023, o Paraguai apresenta um dos maiores crescimentos econômicos no mundo. Essa alavanca propulsora de desenvolvimento vem se mantendo há mais de uma década. Muito graças a implementação de uma legislação trabalhista de fácil entendimento, custos de produção menores e tributação tão simples que muitos brasileiros, num primeiro momento, duvidam que possa ser de tão fácil compreensão. “É normal você encontrar empresários brasileiros quando chegam ao país vizinho ligarem para os contadores perguntando aonde está a pegadinha. Ela não existe”, afirma Gomes.
Conhecendo as oportunidades
O Condomínio Empresarial Iguazú é outro espaço que confirma a forma expansionista da indústria local. Iniciado em 2019 e com mais de 100.000m² de área construída, o local abriga quatro galpões de 60x60m². A locação dos espaços sai por U$ 4 dólares o metro quadrado - já incluso o valor do condomínio.
Com uma população de jovens, 65% dos paraguaios tem menos de 35 anos, a mão de obra é farta. Mas para o investidor a desconfiança sobre esses trabalhadores é referente à falta de qualificação. Durante a missão empresarial, os participantes foram conhecer o Serviço Nacional de Promoção Profissional (SNPP) e os cursos e parcerias que são oferecidos para à população. O órgão é muito parecido com o sistema “S” Senai, Sesc, Sebrae e Senat. Na unidade em que o grupo visitou, na cidade de Hernandarias, 300 alunos, atualmente, estão se profissionalizando. Segundo informações da direção, a cada ano o SNPP forma 2500 alunos na unidade.
A Eternit enviou dois integrantes para a comitiva. A indústria brasileira estuda a possibilidade de expandir suas operações em solo paraguaio.
Outra marca que acompanhou a missão empresarial foi a Krona. Com um olhar atento a tudo o que foi apresentado ao grupo de empresários, a diretoria da empresa estuda a possibilidade de abrir uma planta no Paraguai, mas, para isso, está fazendo a análise de viabilidade.
No último dia do roteiro, o grupo teve a oportunidade de conversar com uma família de empresários que decidiu empreender no Paraguai em 2006. Miguel, Sandro e Juarez DallaValle empregam 240 funcionários e têm uma variedade de negócios, incluindo fundição, laminação, injeção de plásticos, metalurgia, galvanização, transporte e importação.
Eles se relacionam com vários países e têm no Brasil seu principal parceiro. "Eu não diria se é bom ou ruim ter seu negócio no Paraguai. Eles estão no Brasil de 25 anos atrás. A nota eletrônica só começará em janeiro do próximo ano. Não há pix. Abrir uma conta bancária pode levar até seis meses. A maioria ainda paga em cheque. Esses são os desafios. Entretanto, há muitas outras coisas incríveis se você olhar para o Brasil como exemplo", explica Miguel.
César Landy Torres, governador do Alto Paraná, um dos 17 departamentos do Paraguai, e Esteban Wiens, secretário da Indústria e Comércio estão na linha de frente para atrair empresas, principalmente brasileiras, para se estabelecerem no Paraguai. "Estamos de braços abertos para receber quem deseja investir nas terras do Alto Paraná. Temos muito a oferecer, incluindo nossa mão de obra, facilidades fiscais e abundância de energia a baixo custo, o que nos diferencia na América do Sul", afirma Torres.
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