Nível de emprego estável
A indústria paulista de transformação tem motivos para comemorar. Após dez meses seguidos de queda - desde outubro passado, quando foi deflagrada a crise financeira no Brasil -, o nível de emprego do setor atingiu a estabilidade em agosto, conforme previam a Fiesp e o Ciesp nas apurações anteriores.
A pesquisa, realizada pelas entidades, indicou variação nominal de 0,07%, e de -0,04% em termos ajustados. O saldo líquido de empregos no mês foi positivo, após três meses de perdas, com a abertura de 1.500 postos de trabalho.
Na avaliação de Paulo Francini, diretor-titular do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos (Depecon) da Fiesp/Ciesp, com a chegada no zero, dá para apostar na recuperação do emprego industrial nos próximos meses. "Depois de um longo período de reduções contínuas, chegamos novamente à estabilidade. Atingimos um novo ponto de evolução", resumiu Francini.
Em relação a agosto de 2008, são 200 mil vagas a menos (-8,43%). No acumulado de 2009, a indústria paulista eliminou 57 mil postos de trabalho (-2,51%). "Esta é a dimensão do estrago. A partir de agora, deveremos iniciar o caminho de recuperação. A indústria levou um tombo da janela e está subindo novamente pelas escadas, mas não vamos parar entre andares por falta de fôlego", comparou o diretor do Depecon.
Mas, o caminho ainda é longo. Segundo Francini, é "praticamente impossível" absorver, nos quatro meses restantes, a perda acumulada de 2,51% no ano - que não ocorria desde 2006 no índice de emprego. Para isso, seria necessária uma taxa de crescimento entre 0,5% e 0,7% ao mês, muito difícil de ser obtida, na avaliação do diretor. "Temos duas maneiras de olhar: se compararmos com o que nós tínhamos antes da crise, é muito pior. Mas se olharmos como [o índice] está evoluindo, nos dá alegria. Se tivermos crescimentos mensais daqui para frente, o mercado está dizendo: tem emprego para vocês", sublinhou Francini.
Mais uma boa notícia para o setor produtivo: a tendência de retomada do nível de emprego é um fenômeno em variados setores da indústria. Em agosto, 13 atividades tiveram saldo positivo de vagas, o que não ocorria desde setembro de 2008. Oito setores mais demitiram do que contrataram, e um ficou estável.