Nova política de preços do gás preocupa indústria cerâmica no Paraná
Texto: Redação Revista Anamaco
A Companhia Paranaense de Gás (Compagas) está propondo uma reestruturação tarifária no Paraná, que está sendo vista com preocupação pela indústria cerâmica do Estado. Na avaliação de Sergio Wuaden, diretor Geral da Roca Brasil Cerámica, empresa pertencente ao grupo mexicano Lamosa, à frente das marcas Roca Cerámica e Incepa e presente há 72 anos no Paraná, a medida deverá resultar em inúmeros prejuízos tanto para a indústria que atua no Estado, como para a economia e o número de empregos gerados por elas.
A proposta da empresa privada responsável pela distribuição de gás no Paraná extingue a tabela de preços aplicável para o segmento cerâmico, colocando as operações atuantes no Estado na mesma condição que outros setores da indústria.
Wuaden frisa que essa deliberação acarretará em demissões e a consequente diminuição de renda para os paranaenses. “A desqualificação que insere a operação ceramista no mesmo patamar que outras de áreas completamente diferentes será um golpe definitivo para inviabilizar a atuação no Paraná”, lamenta o executivo.
O diretor lembra que as questões relativas aos preços praticados pela Compagas são acompanhadas por um longo período de equívocos na definição da política efetivada com a indústria paranaense, uma vez que as tarifas cobradas no Estado são, historicamente, as mais altas do Brasil e do mundo.
Segundo Wuaden, ao longo dos últimos anos o valor acima da média nacional já impactava na competitividade da indústria paranaense no mercado brasileiro e, principalmente para exportação, desmotivando investimentos em atualizações tecnológicas nas fábricas existentes e afastando a possibilidade de expansões na capacidade produtiva para a construção de novas plantas.
Na sua percepção, agora, ao propor a extinção da tarifa ceramista, que está sob análise da Agência Reguladora de Serviços Públicos Delegados do Paraná (Agepar), a Compagas deixa para trás todo histórico de negociações e elimina a oportunidade de devolver à indústria cerâmica parte da competitividade perdida nos últimos anos. “O gás representa 30% do custo total de produção da cerâmica, enquanto que, para outros setores, esse percentual é ínfimo”, explica.
De acordo com o executivo, caso a Agepar aprove a reestruturação tarifária imposta pela Compagas, a Roca Brasil Cerámica e as outras indústrias paranaenses do segmento sofrerão uma elevação na ordem de 7% sobre os valores de gás aplicados. Na composição do novo valor a ser cobrado, a parcela de margem destinada à distribuidora de gás foi acrescida em 22,3%. “Entendemos que há, claramente, espaço para uma redução de margem na ordem de 35%”, avalia Wuaden.
Ainda na sua percepção, a conduta da Compagas reforça a miopia estratégica de não reconhecer a importância que o gás exerce para fomentar o desenvolvimento da indústria do Estado, eliminando, além dos empregos diretos, boa parte da estrutura econômica no seu entorno, que depende da renda gerada por meio de seu funcionamento. “Essa mudança inviabiliza as expectativas de recuperarmos, como um todo, a força do setor ceramista no Paraná e demonstra a total falta de entendimento sobre o reflexo desta proposta na atuação de nossa indústria”, finaliza.
Foto: R Buhrer/Divulgação