Orçamento comprometido
Despesas com IPTU, IPVA, matrículas e material escolar e férias levaram as famílias a se endividarem, na região Metropolitana de São Paulo, pela primeira vez em 2009. Segundo a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), calculada pela Fecomercio, houve uma alta de 12% em março, passando de 38% em fevereiro para 50% neste mês.
Na comparação com igual período de 2008, quando o indicador atingiu 48%, houve alta de 2%. A parcela de famílias com contas em atraso também apresentou alta neste mês, passando de 12% para 19%.
O aumento da taxa de desemprego na Região que, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), passou de 7,1% em dezembro para 9,4% em janeiro, pode ter contribuído para o resultado.
A pesquisa aponta, ainda, que 5% das famílias acreditam não ter condições de pagar as suas dívidas nos próximos meses, percentual praticamente estável em relação ao mês anterior, quando o levantamento da Fecomercio registrou 4%.
O cartão de crédito se mantém como o principal tipo de dívida, atingindo 44% dos consumidores. Em seguida, estão: crédito consignado (31%), carnês (23%), cheque pré-datado (17%), cheque especial (16%), financiamento de veículo (7%), financiamento de casa (2%) e outras dívidas (1%).
Segundo a pesquisa da Fecomercio, neste mês, a maioria dos consumidores entrevistados (86%) informou que não planeja contratar qualquer tipo de financiamento nos próximos meses, o que demonstra cautela para a aquisição de novas dívidas, seja para compras ou até mesmo para pagar outros débitos. "A PEIC aponta que o nível de endividamento e inadimplência das famílias paulistanas, neste mês, praticamente voltou aos patamares registrados ao longo do ano passado, mostrando um ajuste do indicador. Em janeiro e fevereiro deste ano, a forte queda nos índices foi motivada pela a cautela dos consumidores em adquirir dívidas frente à crise financeira internacional", afirma Kelly Carvalho, economista da Fecomercio.
Por outro lado, explica Kelly, com os indicadores de emprego registrando deterioração, as expectativas não são muito otimistas no curto prazo. O Índice de Confiança do Consumidor (ICC), por exemplo, registrou queda de 3,5% em março relação ao mês anterior, puxado principalmente pela queda no Índice das Condições Econômicas Atuais (ICEA). "Os dados de endividamento das famílias para os próximos meses estarão condicionados aos impactos da crise financeira internacional sobre a economia brasileira, principalmente para as variáveis de emprego e renda", completa Kelly.
A PEIC é apurada, mensalmente, pela Fecomercio desde fevereiro de 2004 e a amostra engloba cerca de 2.200 consumidores no município de São Paulo.