Os impactos das restrições ao varejo da construção
Texto: Redação Revista Anamaco
A Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção (Anamaco) acaba de divulgar o resultado do Termômetro Anamaco, realizado em parceria com o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV IBRE).
A pesquisa considera as opiniões dos revendedores de todo o País e foi realizada em março, mês em que, pela primeira vez desde o início da pandemia de coronavírus, o varejo do setor - embora considerado atividade essencial por Decreto Federal - precisou fechar as portas e restringir o atendimento, em algumas localidades, ao delivery e ao drive-thru.
De acordo com o levantamento, entre os lojistas ouvidos, 28% apontaram crescimento nas vendas entre fevereiro e março. Esse percentual havia sido de 45% no levantamento anterior. Pela primeira vez desde o início da fase atual da pesquisa, as assinalações de crescimento foram inferiores às de estabilidade (40%) e às de queda (32%).
No recorte regional, influenciada pelas medidas mais duras adotadas no Estado de São Paulo, a Região Sudeste apresentou forte queda nas assinalações positivas: apenas 29% dos entrevistados apontaram alta no faturamento em março, contra 35% de indicações de queda e 36% de estabilidade.
No Nordeste, apesar das restrições mais brandas, foi registrado o pior resultado regional do Termômetro com relação às vendas no mês: 17% de indicações de alta, 40% de queda e 37% de estabilidade. A Região com os melhores resultados foi o Norte: 33% dos lojistas responderam que os negócios cresceram, contra 28% que apontaram queda e 39%, estabilidade.
Considerando a principal categoria de produtos vendida, as que mais acusaram piora na percepção em março foram as lojas especializadas em produtos básicos. Nessa categoria, apenas 24% apontaram crescimento nas vendas, enquanto 35% indicaram queda.
Em anos normais, a sazonalidade das vendas de material de construção é favorável no segundo trimestre, que costuma ter vendas mais aquecidas do que nos primeiros meses do ano. No entanto, o agravamento da pandemia alterou essa percepção dos varejistas. Assim, o percentual de lojistas que espera alta das vendas nos próximos três meses caiu de 54% para 39% entre fevereiro e março. A parcela dos que esperam queda ficou estável em 18%, enquanto a dos que projetam estabilidade passou de 28% para 44%.
A piora nas indicações de alta nas vendas nos meses à frente ocorreu em todas as regiões do País, com exceção do Norte. Nessa Região,, 65% dos entrevistados disseram que esperam aumento nas vendas nos próximos meses.
Os resultados desta edição do Termômetro revelam que os impactos da segunda onda de Covid-19 atingiram o varejo de material tanto em termos das vendas correntes quanto das perspectivas para o futuro próximo. Os reflexos sobre as expectativas, entretanto, foram menos intensos do que sobre a avaliação das vendas no último mês. Segundo o estudo, essa postura sugere que o setor pode estar esperançoso com a combinação de avanço da vacinação e retorno do auxílio emergencial, ainda que com valores e cobertura menores.
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