Impacto da greve dos caminhoneiros

Os reflexos da paralisação nas indústrias do setor

O reflexo da paralisação dos caminhoneiros, iniciada em 21 de maio, motivada pelo custo do óleo diesel, segue causando transtornos - já que ainda há bloqueios em algumas estradas País afora - e muito prejuízo à economia como um todo.
O varejo de material de construção sentiu, imediatamente, o reflexo do desabastecimento. Como publicado no Portal da Revista Anamaco Online, desde quarta-feira passada (23 de maio), o cimento começou a sumir das lojas e outros produtos escassearam com o desenrolar da greve.
Se as revendas foram impactadas pelo movimento, na outra ponta, as indústrias do segmento também estão sofrendo. De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat), foram muitos os problemas gerados pela greve, como equipes comerciais sem combustível, fazendo vendas apenas por telefone; volumes de entrada de novos pedidos sendo afetados, com clientes receosos sentindo movimento nas lojas abaixo de 50% da média das últimas semanas; suspensão temporária nas atividades de algumas fábricas, com previsão de manter a paralisação até o final desta semana caso haja retomada do abastecimento de combustíveis, de matérias-primas e escoamento de produtos acabados; bloqueio de produtos nas bases das transportadoras e em vários Estados; desabastecimento de matérias-primas e insumos em geral, obrigando a uma redução no ritmo de trabalho e atrasos na entrega de alguns produtos aos clientes; problemas para assegurar o acesso de funcionários a seus locais de trabalho, além da interrupção no faturamento e desabastecimento nas lojas.
Rodrigo Navarro, presidente da Abramat, destaca que as equipes dos associados e da entidade estão trabalhando para tentar minimizar os problemas. “Medidas estão sendo tomadas de acordo com a possibilidade de cada empresa e tipo de serviço, como home office, redução no cardápio dos restaurantes das fábricas, uso de períodos de férias, cuidado extra na manutenção de equipamentos sensíveis a paradas na produção e aproveitamento da diversificação geográfica”, explica.
Segundo ele, ainda não é possível avaliar o impacto financeiro e em produção em números absolutos nos dias de paralisação. “Esses números serão aferidos e divulgados nas próximas edições do Índice e Termômetro da Abramat”, comenta. 

Indústrias do setor de material de construção estão sofrendo os impactos da greve. Além de não conseguirem realizar as entregas, não recebem insumos para a fabricação dos produtos

Também sentindo os efeitos do movimento, o Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (SNIC) e a Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP), entidades representativas da indústria do cimento, informam que, em decorrência da greve, apenas 3% da produção de cimento de todo o País estão sendo entregues em seus destinos. “Antes da paralisação, o setor distribuía, em média, 200 mil toneladas ao dia. No inicio da greve, esse número passou para 10 mil toneladas/dia e, agora, não chega a seis mil toneladas diárias”, afirma Paulo Camillo Penna, presidente do SNIC. De acordo com o Sindicato, hoje (30 de maio), 70% de suas fábricas em todo o Brasil estão fora de operação.
Em nota, as entidades explicam que, como as plantas funcionam em regime de operação contínua, as cimenteiras estão sofrendo impactos, tanto na distribuição do produto como nas entregas dos insumos necessários à sua fabricação.
Com a paralisação, já há uma redução nos estoques de matérias-primas necessárias à produção de cimento, que é perecível e também exige condições especiais de armazenagem e transporte.
As entidades esclarecem que, mesmo após o final da greve dos caminhoneiros, será necessário um período de ajustamento de pelo menos duas a três semanas para que o funcionamento das fábricas de cimento seja normalizado.
Além dos impactos econômicos, o SNIC e a ABCP alertam ainda para os desdobramentos da paralisação dos caminhoneiros para a cadeia da construção civil, afetando diretamente a manutenção dos empregos da indústria da construção.
As declarações das entidades são endossadas com os comunicados que os fabricantes estão enviando ao mercado, pedindo a compreensão sobre os atrasos nas entregas. Algumas empresas, como é o caso da Fixar Argamassas, chegaram a suspender as atividades. Os funcionários devem retomar ao trabalho na próxima segunda-feira (04 de junho).
Claudio Conz, presidente da Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção (Anamaco), explica que a associação está monitorando a situação de abastecimento das lojas de material de construção em todas as regiões do País desde o começo da manhã. Segundo ele, hoje, as entregas das indústrias nas Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste estão sendo retomadas lentamente. Já no Sul e no Sudeste, por conta dos bloqueios na Rodovia Régis Bittencourt, os fabricantes ainda não estão conseguindo escoar seus carregamentos. "Estamos encaminhando essas informações ao Gabinete da Crise, instalado no Palácio do Planalto, para que possa concentrar as atenções a esses pontos críticos de bloqueio", diz Conz, acrescentando que o Sul e o Sudeste representam mais de 50% do movimento econômico do setor.

Os reflexos da paralisação nas indústrias do setor
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