Panorama das Eleições 2018
Texto: Redação Revista Anamaco
Encerrando o ciclo de palestras do 27o. Encontro dos Comerciantes de Material de Construção (Ecomac-BA), o jornalista Ricardo Boechat, âncora do Jornal da Band e da BandNews FM, traçou um “‘Panorama das Eleições 2018” . Durante mais de uma hora de conversa, o palestrante falou sobre a crise econômica, o momento político e um horizonte visível para 2019. "Não tenho nenhuma pretensão de apresentar quadros definitivos, nem respostas muito categóricas. Nessas conversas, meu objetivo é deixar reflexos e perguntas no ar. Se pudermos nessas ocasiões exercitar nossa capacidade de análise, nos questionarmos sobre algumas convicções que temos, já me dou por satisfeito", salientou.
Com essa introdução, falou sobre as crises que o Brasil enfrentou desde a República em 1889. E citou uma sequência de acontecimentos que o País viveu desde então, tendo passado por morte, suicídio, renúncia e impeachment de presidentes. "As crises são dimensionadas por quem as vive. Olhar para o passado e conhecer todos os momentos de crise serve para nos mostrar que sobrevivemos a elas. O Brasil sobreviveu. O abismo que disseram que estava à frente não estava. Embora as crises sejam desenhadas por ondas, com momentos máximos e mínimos, há uma curva de qualidade que costura todas elas. a mortalidade infantil diminuiu, a pespectiva de vida aumentou, a população escolarizada se ampliou, o saneamento aumentou, a inserção econômica do Brasil na economia mundial está num patamar sem precedentes e nossa dívida externa recuou", explicou.
Boechat destacou que é importante olhar para trás para ter elementos e insumos que nos permitam analisar a situação que estamos vivendo hoje e para de embarcar no discurso de que estamos na iminência de acabar como nação. "Somos maiores do que isso. Esse discurso é realista porque a história mostra isso. Nós somos uma potência natural, populacional, ambiental e sobre outros vários aspectos", reforçou.
Na sequência introduziu o atual cenário eleitoral brasileiro. Segundo Boechat, esse cenário, de apontar a tragédia como destino inevitável, que vem sendo explorado pelas campanhas dos dois candidatos à presidência da República, Fernando Haddad e Jair Bolsonaro, é falacioso. É um discurso de campanha, que deverá perder a relevância depois das eleições. Nem o Bolsonaro vai instituir uma ditadura se for eleito, nem o Haddad vai transformar o Brasil numa Venezuela. Esse discurso que a tragédia nos aguarda é conversa de militância e histeria da internet.
Na avaliação de Boechat, a tendência é de que, caso se confirme a eleição de Bolsonaro, a tendência é de que ele saia da polarização à direita e caminhe para o centro. Quem assumir, ganha a crise, que terá de ser resolvida pelo novo presidente. A partir de então, não terá mais espaço para diraita ou esquerda. "O desemprego não tem ideoologia, ele tem número, fome, desespero e isolação. De 02 de janeiro em diante, essa fatura cai no colo do eleito e vai exigir medidas rápidas de enfrentamento das questões mais urgentes", ressaltou.
O palestrante analisa que a realidade que o futuro presidente vai encontrar não permitirá que caminhe para os extremos, em direção à negação da democracia, de criar um sistema político completamente perdido. Para conseguir resultados, o futuro mandatário precisará de composição política, votos no Congresso, acordo com as forças partidárias.
Boechat lembrou que o povo mudou o comportamento. O brasileiro que só se interessava por futebol e carnaval morreu. A política entrou no nosso radar em 2013 de forma avassaladora e esse interesse só vem crescendo. Nessas eleições, o eleitor não votou em ideologia, ele votou em valores e em ética. "Não importa quem assumir a presidência da República, ele não poderá repetir os mesmos erros do passado. O ambiente mudou e mudou por nossa causa", reforçou.
Ao final da palestra, Boechat respondeu a algumas perguntas dos lojistas presentes.
A cobertura completa da palestra de Ricardo Boechat e do Ecomac-BA poderá ser conferida na edição impressa nº 300 da Revista Anamaco
Fotos: Divulgação