Parceria com a Alemanha
Texto: Redação Revista Anamaco
O segundo dia do Encontro Nacional de Redes Associativas (Enare), promovido pela Federação Brasileira das Redes Associativistas de Material de Construção (Febramat), que está sendo realizado no Mira Parque Hotel, em Passa Quatro (MG) e segue até o dia 11 de maio, foi marcado por uma boa notícia para o setor de material de construção e para as redes de outros segmentos em atuação no País: o investimento alemão no País, visando desenvolver o modelo associativista no Brasil.
Batizada de Projeto Alemanha, a cooperação é uma parceria entre a Febramat e a Federação Alemã de Redes para intercâmbio de conhecimentos. Douglas Wegner, professor da Universidade Unisinos (RS), contou como a parceria teve início e quais os objetivos a partir da união entre as duas entidades.
Wegner comentou que quando foi fazer parte do seu doutorado na Alemanha, em 2009, por uma casualidade, conheceu Ludwig Veltmann, secretário geral e principal gestor da Federação Alemã de Redes e centrais de negócios. O professor lembrou que Veltmann ficou surpreso que alguém tivesse ido do Brasil até a Alemanha para saber como são as redes locais e chegando lá apresentasse como funciona esse modelo no Brasil. “Isso chamou a atenção dele, que não imaginava que o Brasil tivesse esse movimento de cooperação tão forte como é o do segmento de material de construção, assim como de outros setores como farmácias, móveis e supermercados”, comentou.
De acordo com o palestrante, ele e Veltmann, desde então, mantiveram contato. Ele lembra que, em 2016, recebeu um e-mail do gestor alemão dizendo que havia uma possibilidade de fazer um projeto em parceria para transferir conhecimento das redes da Alemanha e do Brasil e que seria financiado pelo governo alemão.
“Parecia bom demais para ser verdade porque era um projeto em que o governo da Alemanha estaria fazendo o investimento e nós estaríamos obtendo conhecimento sobre o funcionamento das redes alemãs”, lembrou.
A ideia avançou e, em 2017, a discussão foi aprofundada e, no ano passado, os alemães visitaram o Brasil, ocasião em que conheceram a Rede Construvip em Campinas (SP), a Center Okinalar (SP) e a Redemac (RS) e ficaram bem impressionados com a forma que as Redes são organizadas no País e com o profissionalismo do cooperativismo e o associativismo no Brasil.
Depois disso, foi reafirmada a proposta de financiamento de três anos e, no começo de 2019, “fizemos uma missão com integrantes da Febramat para finalizarmos, assinarmos o convênio e darmos início às atividades. Temos um carinho especial por esse projeto. Ele é para as Redes e para as lojas associadas e só vai ter uma chance de gerar resultados positivos se tivermos uma grande colaboração e engajamento de todos”, frisou.
Wegner mostrou dados que mostram a força da Federação Alemã. Segundo ele, ela representa 310 redes de todos os setores, que agregam 230 mil associadas e geram 18% do Produto Interno Bruto (PIB) da Alemanha.
“Isso mostra que o país tem uma economia muito pujante baseada na cooperação, o que torna interessante conhecer melhor de que maneira essas redes são estruturadas e gerenciadas”, reforçou.
Fazendo um recorte para o setor de material de construção, o professor comentou que 76% de todas as vendas na Alemanha são oriundas de lojas vinculadas a uma Rede, o que dá a dimensão do que a cooperação e o associativismo significam na economia do país. “São 28 redes de material de construção que faturam 21,6 bilhões de Euros”, destacou.
Para a Febramat e para as Redes brasileiras, a ideia é conhecer as melhores práticas de gestão e conhecer como as Redes estão estruturadas na Alemanha. A partir daí, traçar ações e metas aplicáveis dentro desse tratado de cooperação. “Dessa forma, preparadas, podem defender muito fortemente o interesse das Redes”, garantiu.
Uma pergunta que, certamente, passou pela cabeça dos associados. Qual o interesse dos alemães financiarem um projeto para melhorarem a atuação das Redes no Brasil? A resposta é simples: os alemães têm uma longa tradição de financiar projetos em países em desenvolvimento da América Latina, África e Ásia. Com isso, à medida que eles conseguirem fazer com que esses países adotem medidas praticadas por eles, tornam-se mais fortes dentro da Alemanha e, quando forem conversar com os legisladores, podem usar o argumento que o modelo de Rede associativa alemão pode servir de inspiração para outros países.
Adriano Pereira, gestor Executivo da Febramat, por sua vez, apresentou os três objetivos que deverão ser trabalhados. São eles: representação de interesses, que significa compor uma força tarefa entre a Febramat e as demais federações para debater assuntos comuns e, assim, fortalecer e defender o segmento. “Já começamos esse movimento, olhamos para dentro de casa, fizemos contatos e relacionamentos para conversamos e buscarmos essa convergência. Temos de colocar em pauta alguns temas de forma estruturada para nos tornarmos aliados”, garantiu.
Outro pilar é o de novos serviços agregados às Redes, que consiste na implantação de novidades, como por exemplo,meios de pagamento para oferecer uma solução interessante ao associado Febramat; fazer parcerias visando facilitar a renovação de frota própria.
“Esse trabalho queremos realizar de forma participativa, ouvindo a opinião de todos”, explicou.
Por fim, estruturação e organização dos processos internos da Febramat, como marketing, integração de novas Redes, processos financeiros, prospecção comercial - novas indústrias e novos parceiros -, padronização de eventos, gestão de projetos e desenvolvimento de serviços.
Entrevista exclusiva com o Professor Douglas Wegner e o gestor da Febramat, Adriano Pereira, em breve estarão disponíveis no Canal Revista Anamaco no Youtube e também no Portal Revista Anamaco Online
Foto: Grau 10 Editora