Pesquisa apura percepção dos empresários e consumidores na crise do coronavírus - Revista Anamaco

Pesquisa

Pesquisa apura percepção dos empresários e consumidores na crise do coronavírus

Texto: Redação Revista Anamaco

Desde que o vírus do coronavírus começou a circular no mundo, governos da maior parte dos países adotaram a paralisação - total ou parcial - das atividades não essenciais. A solução provocou impactos na rotina dos cidadãos, no comportamento de consumo e investimento e na economia. A dúvida é sobre qual será o nível desse impacto e sua persistência. Para compreender melhor os possíveis desdobramentos da crise, o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV IBRE) perguntou para consumidores e empresários como estão sendo afetados e suas percepções quanto à recuperação pós-pandemia.
O levantamento feito, em abril, apontou que 79,1% dos consumidores declararam estar comprando apenas produtos essenciais. Para cerca de 15% a crise não afetou os gastos da família, mas esse percentual é maior conforme aumenta o poder aquisitivo dos consumidores. 
Sobre a retomada da economia, a percepção da maioria (67,8%) é de que só voltará ao normal após seis meses - análise parecida com as dos economistas, que apontam para uma recuperação lenta e gradual, como já vinha acontecendo. “Mesmo que o final da quarentena seja definido nos próximos meses, a velocidade da retomada vai depender da velocidade da recuperação da demanda. É importante destacar que a alta taxa de desemprego e as incertezas associadas à pandemia vão contribuir para segurar o ritmo da volta ao consumo”, pondera Rodolpho Tobler, economista da FGV IBRE, um dos responsáveis pela pesquisa.

Com a mudança de hábito de consumo, alguns empresários perceberam melhora em seus negócios. Entre eles, empresas de produtos de plástico e serviços da construção relacionadas à parte hidráulica, ventilação ou refrigeração

Empresas de diferentes setores definem como negativo ou muito negativo os reflexos da pandemia. O percentual de empresários com essa percepção chegou a 94,3% entre as empresas do setor da construção, sendo seguidos por serviços (91,7%), principalmente os segmentos de alojamento, serviços de transporte rodoviário e obras de acabamento, entre os quais mais de 75% consideraram que foram afetadas muito negativamente. Os dois principais motivos apontados para o pessimismo foram: redução da demanda e paralisação parcial ou total por questões de saúde.
Em março, quando o FGV IBRE avaliou pela primeira vez os reflexos da paralisação de parte da economia, o setor de serviços foi o que menos projetava impacto em suas atividades, porém os resultados prévios da confiança de abril mostraram que eles são os que têm a maior queda no nível de confiança.
Já a indústria apontou dificuldades no fornecimento de insumos importados, afetando principalmente os segmentos de bens duráveis e de capital. Vestuário (87,8%), couros e calçados (81,8%) e veículos automotores (79,7%) são os que possuem maior proporção de empresas reportando impacto muito negativo em seus negócios.
Com a mudança de hábito de consumo, alguns empresários perceberam melhora em seus negócios, majoritariamente de empresas dos segmentos ligados a alimentos, fabricação de produtos alimentícios e comércio de hiper e supermercados, fabricação de produtos farmacêuticos, além de empresas de produtos de plástico e serviços da construção relacionadas à parte hidráulica, ventilação ou refrigeração.
Sobre a recuperação da economia após a quarentena, cerca de 70% das companhias consultadas concentra suas expectativas no período entre quatro e seis meses. Em todos os setores, a maior parte das empresas projeta que o coronavírus impactará suas atividades no segundo e no terceiro trimestre de 2020.
Vale ressaltar que existem empresas esperando uma demora maior da retomada: 37,0% esperam que ocorra em mais de nove meses. Porém, há quase um empate com o grupo de empresas que consideram a normalização dos negócios entre quatro e seis meses (35,3%). “Essa diferença pode ser explicada pela resposta de estabelecimentos de menor porte, ou que ficam em localidades onde o consumo está mais restrito, dedicado a itens essenciais. Outro ponto de cautela que os empresários podem estar considerando é a demora que o mercado de trabalho, e consequentemente a renda das famílias, devem apresentar nessa recuperação”, conclui o economista.

Foto: Adobe Stock

Pesquisa apura percepção dos empresários e consumidores na crise do coronavírus
Compartilhe esse post:

Comentários