Pesquisas mostram a situação do varejo e da indústria durante a quarentena
Texto: Redação Revista Anamaco
Dados apurados por pesquisa feita pela Juntos Somos Mais indicam que o impacto no mês de março de reposição de estoque dos varejos foi de 13% quando comparado a fevereiro, mas que na quarta semana de março a queda chegou a 43%.
Levantamentos de representantes do setor de pagamentos endossam essa visão, mostrando que o faturamento diário por débito, em 25 de março, caía 54% nas lojas de material de construção brasileiras, em comparação à média de janeiro e fevereiro.
A reabertura do varejo do setor em diversas cidades brasileiras, entretanto, teve impacto muito relevante: no dia primeiro de abril, o faturamento diário por débito caía 7%. No e-commerce, a queda foi de 8%. "Um dos desafios nesse momento de menor presença física nas lojas é que a penetração da venda on-line ainda é bastante restrita no setor - menos de 10% das lojas pequenas e médias possuem site de e-commerce", afirma Antonio Serrano, CEO da Juntos Somos Mais.
Assim como o pequeno varejo nacional, que tem em média 27 dias de capital de giro, segundo o Sebrae, o varejo de material de construção também está em uma situação crítica. Neste setor, mais de 70% das lojas são de pequeno porte, estando classificadas no Simples Nacional e faturando menos de R$ 4,8 milhões por ano. "Eu aguento 30 dias no máximo, meu capital de giro vai acabar", afirmou um varejista participante do Juntos Somos+.
Com relação ao impacto no lado industrial do setor, uma pesquisa realizada pela Juntos Somos Mais com empresas participantes, que somam mais de 20 nomes proeminentes do setor e incluem as acionistas Votorantim Cimentos, Gerdau e Tigre, mostra que já existem alterações importantes em curso: para 66% das empresas, o resultado de vendas de março foi pior que o esperado enquanto apenas para 17% o resultado ficou acima, para outros 17% ficou em linha.
Para o próximo trimestre, todas as empresas trabalham com um cenário de redução de faturamento de mais de 10%, sendo que a maior parte delas (58%) entende que a redução será entre 21% e 40% versus o planejado inicialmente e 17% entendem que a queda pode ser superior a 40%. Em termos de projeção de faturamento para o ano de 2020 com relação a 2019, 8% dessas empresas preveem crescimento, 42% esperam números similares aos obtidos no último ano, outros 25% se preparam para um decréscimo entre 11% e 20% e outros 25% projetam um cenário ainda pior, com quedas entre 21% e 30%.
Para conter os impactos da crise, que vêm afetando todos os setores da economia, todas as empresas reduziram de alguma forma sua produção, sendo que 8% já interromperam em sua totalidade e 17% suspenderam em mais de 50%. Outros 25% suspenderam até entre 31% e 50%, enquanto metade (50%) está operando com redução de até 30%. Todas as empresas declaram ter suas equipes comerciais operando de forma - pelo menos parcialmente - remota.
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