Retrato da realidade
Fazendo parte da programação do Fórum Internacional de Arquitetura e Construção, foi realizado no dia 04 de março, no Transamerica Expo Center, em São Paulo, o V Fórum de Líderes do Varejo e da Indústria de Material de Construção.
O evento, uma iniciativa da Grau 10 Editora/Revista Anamaco, da Associação Nacional dos Fabricantes de Cerâmica para Revestimentos, Louças Sanitárias e Congêneres (Anfacer), da Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat) e da Expo Revestir, fez parte do Dia do Revendedor e reuniu mais de 400 pessoas.
Antonio Carlos Kieling, superintendente da Anfacer e presidente da Expo Revestir e do Fórum, fez a abertura do evento, deu as boas vindas aos empresários da cadeia da construção civil e ressaltou que a Revestir é a primeira feira do setor da construção civil do ano e a primeira plataforma de lançamentos. “A feira será a arrancada dos negócios em 2015, que será, sem dúvida, um ano muito desafiador”, observou Kieling.
Na ocasião, o executivo anunciou que está sendo criado um programa de qualidade para o porcelanato comercializado no Brasil. “A iniciativa deve trazer segurança para o consumidor, credibilidade para o produtor e fortalecer a marca porcelanato”, reforçou.
Segundo ele, a Anfacer vai passar a oferecer o Selo de Qualidade a partir do próximo mês de setembro. “Esse tempo é para que as empresas que produzem e comercializam o produto possam se preparar e se adequar para aderirem ao programa de qualidade”, explica.
Walter Cover, presidente da Abramat, também fez um breve discurso em que destacou que a feira é para todos os públicos e um local onde as famílias vão para sonhar com suas reformas.
O executivo aproveitou o momento para reforçar o que a indústria do setor espera para 2015. “Viemos de um ano difícil e 2015 começou com aumentos importantes de energia, de frete e sabemos que o crédito estará mais caro e os impostos aumentando. Mas há aspectos positivos, como a manutenção das políticas sociais do governo e o crédito imobiliário que vem crescendo”, pontuou.
A diretora de Redação da Revista Anamaco, Beth Bridi, reiterou a importância da feira, que é internacional e de alto nível. “É o primeiro grande evento do ano. É quando começamos a ver o que a indústria está apresentando”, reforçou.
Claudio Conz, presidente Executivo da Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção (Anamaco), observou que os produtos apresentados durante a Revestir, principalmente os revestimentos cerâmicos, são os maiores indutores de estímulo aos consumidores reformarem suas residências. “Duvido que os visitantes da feira, ao conhecerem as novidades, não sintam vontade de reformar. Existe uma magia que acontece nos quatro dias de exposição. Nosso desafio é que essa magia se estenda pelo ano inteiro”, explicou.
Segundo ele, é bem provável que este será um ano em que a economia brasileira não vá bem, mas isso não significa que o setor não terá bons resultados. “Os primeiros dois anos desse ano não foram um desastre. O desempenho das vendas empatou com o registrado em 2014. Acredito que encerraremos o primeiro semestre de forma positiva. Não tem como 2015 ser pior do que o ano passado”, declarou.
Os convidados puderam conferir a palestra de William Waack, jornalista e mestre em Ciências Políticas pela Universidade de Mainz, na Alemanha. O âncora do Jornal da Globo e do Globo News Painel falou sobre a “Economia atual e previsões com foco no mercado brasileiro".
Em sua apresentação, Waack deixou claro que não opera com categorias otimista ou pessimista, nem positivo e negativo. Sua função como profissional de comunicação, segundo ele, é dar sentido à informação. “Ao tentar dar sentido à informação, eu me desvinculo de perspectivas em relação aos acontecimentos. A minha função é interpretar e tentar antecipar os fatos”, ressaltou.
Na sua avaliação, hoje, há uma razoável dose de consenso sobre o diagnóstico da situação econômica. Ele acredita que o Brasil não tem nenhum problema econômico, mas sim político. “A situação política brasileira é um grave empecilho aos empresários poderem trabalhar, prosperar e ganhar mais. Nossa saída é a reforma política”, avaliou.
Outro consenso citado por Waack é sobre a inflação, que deverá ser alta este ano; juros altos; recessão; balança comercial em dificuldades e retração de crédito. “A situação da economia brasileira não é boa”, reforçou.
Em outro momento, o palestrante questionou o que seria sensibilizar o governo – termo recorrente utilizado pelos empresários para pedir isenções de impostos para este ou aquele segmento. Essa frase, segundo ele, tem um sentido forte. “Sensibilizar o governo para o quê? Para ele ser menos incompetente na gestão da coisa pública? Para que ele invista na formação de capital humano? O nosso problema de competitividade não é o câmbio. Nosso problema é a baixa produtividade. Nós somos caros porque temos mão de obra de baixa qualificação e que custa muito”, opinou.
Após a palestra houve um debate mediado pela jornalista Beth Bridi, com a presença de William Waack; Manoel Correa, presidente da Telhanorte; Eduardo de Vries, diretor Geral da Dicico e Dicico Sodimac; Alain Ryckebouer, presidente da Leroy Merlin do Brasil e Claudio Conz.
A cobertura completa da palestra poderá ser conferida na edição 260 da Revista Anamaco