Taxa de câmbio torna-se uma das principais preocupações da indústria, aponta CNI - Revista Anamaco

Pesquisa industrial

Taxa de câmbio torna-se uma das principais preocupações da indústria, aponta CNI

Texto: Redação Revista Anamaco

No segundo trimestre, a taxa de câmbio foi um dos principais problemas enfrentados para 19,6% das indústrias, segundo a Sondagem Industrial realizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). A pesquisa mostra que a questão passou da 17ª para a 4ª colocação no ranking de principais entraves do setor.  A elevada carga tributária segue em primeiro lugar, com 35,5% das assinalações; em segundo lugar está a demanda interna insuficiente, com 26,3%; e em terceiro a falta ou alto custo da matéria-prima, com 23,1%.
Os empresários também reportaram que o preço médio dos insumos aumentou de forma intensa e disseminada de abril a junho. O índice saiu de 56,8 pontos para 61,3 pontos, na passagem do primeiro para o segundo trimestre deste ano - e é o maior desde o segundo trimestre de 2022 (66,9 pontos). Na época, a indústria enfrentava uma crise na cadeia de fornecimento por conta da pandemia de Covid-19 “A taxa de câmbio alta explica, ao menos, parte dessa percepção de maior pressão sobre os preços. Por isso, ganhou tanta importância entre os principais problemas enfrentados pelos empresários. Ao mesmo tempo, o alto custo da matéria-prima se consolidou no terceiro lugar do ranking. É um cenário que acende um alerta, pois afeta a produtividade e a competitividade dos produtos brasileiros”, explica Marcelo Azevedo, gerente de Análise Econômica da CNI.
Os outros índices que avaliam as condições financeiras das indústrias variaram pouco na transição de trimestres. O índice de satisfação com a situação financeira avançou 0,8 ponto, para 50,3 pontos e, com esse aumento, cruzou de um patamar abaixo da linha divisória dos 50 pontos para um patamar acima, indicando uma transição de insatisfação para satisfação.
O índice de satisfação com o lucro avançou de 44,4 pontos para 45 pontos, enquanto o índice de facilidade de acesso ao crédito ficou praticamente estável, com uma variação negativa de 0,2 ponto, para 41,3 pontos.
Nesse cenário, o índice de evolução do nível de estoques caiu de 48,9 pontos para 48,2 pontos em junho. Adicionalmente, o índice de estoques efetivo em relação ao planejado foi de 49,2 pontos para 48,6 pontos. Isso indica que os estoques de produtos acabados estão bem abaixo do planejado pelas empresas. “Os industriais vão precisar trabalhar mais e produzir mais para recompor os estoques e atender à demanda do mercado”, frisa Azevedo.
A pesquisa revela que, assim como em maio, a produção industrial segue abaixo da linha de 50 pontos. O indicador saiu de 47,4 pontos, em maio, para 48,7 pontos, em junho.
Na passagem de maio para junho, o índice de evolução do número de empregados ficou em 50 pontos e indica um mês melhor para o mercado de trabalho industrial do que em 2023, quando o índice estava em 48,6 pontos. Esse desempenho foge do usual para o período, que costuma registrar queda no número de empregados.
Já o índice de expectativa de demanda avançou de 56,4 pontos para 57,7 pontos; o de expectativa de compras de insumos aumentou de 54,7 pontos para 55,9 pontos; e o de número de empregados avançou de 51,8 pontos para 52,6 pontos. Apenas o índice de expectativa de exportação permaneceu em 52,8 pontos.
Outro dado apurado pela Sondagem mostra que a intenção de investimento da indústria brasileira ficou estável entre junho e julho, ao variar de 57,4 pontos para 57,3 pontos. Ainda assim, essa intenção de investir está em um patamar elevado frente à média histórica de 52 pontos e tem seguido estável em torno desse patamar ao longo do ano.
A pesquisa considera as entrevistas com 1.492 empresas de pequeno, médio e grande portes.

Foto: Adobe Stock

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