Taxas de juros e dificuldade para acessar crédito marcam 1º trimestre na indústria - Revista Anamaco

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Taxas de juros e dificuldade para acessar crédito marcam 1º trimestre na indústria

Texto: Redação Revista Anamaco

As indústrias relataram incômodo com as taxas de juros elevadas e assinalaram a questão como um dos principais problemas do primeiro trimestre de 2023. A situação foi constatada na Sondagem Industrial, pesquisa realizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), que consultou mais de 1.600 empresas de pequeno, médio e grande porte de todo Brasil.
O estudo aponta que, de janeiro a março, os três principais problemas citados pelos empresários industriais foram: elevada carga tributária, demanda interna insuficiente e as taxas de juros elevadas.
Essa última questão chama atenção dos economistas da CNI, pois está ganhando cada vez mais relevância e, no período citado, alcançou a maior assinalação de toda a série histórica (28,8%). Desde 2022, em todos os trimestres, esse problema foi bastante apresentado pelas indústrias e marca um percentual acima de 20% consecutivamente. Essa percepção por parte dos empresários afeta outras questões diretamente ligadas aos juros, agravando a percepção de demanda interna insuficiente, aumentando a dificuldade de obter crédito e influenciando os investimentos”, afirma Marcelo Azevedo, gerente de Análise Econômica da CNI.
Com relação às condições financeiras, a pesquisa mostra que as indústrias indicaram piora no trimestre, com insatisfação dos empresários com a margem de lucro, que caiu de 47,3 pontos para 44,8 pontos, e com a situação financeira, que recuou de 51,8 pontos para 49,7 pontos.
Enquanto isso, o índice que mensura a facilidade de acesso ao crédito apresentou retração expressiva de 4,7 pontos no trimestre, passando de 42,7 pontos para 38,0 pontos. Com a queda, o indicador ficou não só abaixo da linha divisória de 50 pontos, como também abaixo da média da série histórica, de 39,8 pontos. “Essa dificuldade para acessar crédito está relacionada ao aumento da restrição nos critérios de concessão, dada a taxa de inadimplência alta, inclusive em razão de eventos adversos de grandes empresas varejistas”, explica Azevedo.
O levantamento revela que houve pouca mudança de fevereiro para março nos níveis de estoques das indústrias brasileiras, que ficou em  50,5 pontos em março.
Já o índice do nível de estoque efetivo em relação ao planejado aumentou 0,7 ponto, registrando 51,9 pontos em março. Desde julho de 2022, esse índice vem ficando acima dos 50 pontos, revelando que os empresários estão com dificuldades para ajustar seus estoques. Valores acima de 50 pontos indicam que o nível de estoques está acima do planejado pelos empresários.
Apesar disso, a produção industrial aumentou na passagem de mês e registrou 53,7 pontos, acima da média histórica de março (51,2 pontos). Em abril, a maioria dos índices de expectativas mostrou altas moderadas: houve aumento dos índices de expectativa de demanda, de compras de matérias-primas e de quantidade exportada. Essas variações revelam maior otimismo dos empresários, com expectativas de crescimento nos próximos seis meses.
O índice de intenção de investimento do empresário industrial, por sua vez, manteve-se inalterado em 53,6 pontos e apresenta certa estabilidade desde novembro de 2022, o que indica que há intenção de investir na indústria.

Foto: Adobe Stock

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