Transformações em curso - Revista Anamaco

Ecomac Sul 2023

Transformações em curso

Texto: Redação Revista Anamaco

A grade programação do Encontro dos Comerciantes de Materiais de Construção da Região Sul (Ecomac Sul), organizado pela Federação das Associações dos Comerciantes de Materiais de Construção de Santa Catarina (Fecomac-SC), que acontece até amanhã (03 de setembro), no Costão do Santinho, em Florianópolis, foi iniciada na manhã deste sábado com a apresentação do consultor Daniel Keller, com o tema “Daqui Para Frente - Compreendendo as transformações no segmento de matcon e criando oportunidades para crescer".
Em sua apresentação, ele lembrou que o setor de material de construção vem passando por um processo de transformação e que os empresários devem ser os grandes protagonistas. “Quando falo de daqui para frente, estou mirando no que vamos precisar evoluir, modificar o jeito de pensar e de agir e na forma como os negócios se portam no mercado”, destacou.
Keller comentou que o futuro não está distante, ele já está acontecendo e nele é preciso fazer um retorno para entender o que já aconteceu e o que todos vivemos, de uma forma muito intensa nesses últimos anos, o que inclui o período de pandemia.
Nesse retorno, voltou a 1993, quando Fernando Henrique Cardoso, como ministro, começou a fazer a migração da moeda para o Cruzeiro Real, passando pela URV até chegar ao Real. Também há 30 anos, o País conheceu o primeiro protótipo de um telefone que não tinha teclas e o acesso era por “touch”. Não ainda com a expectativa de ser o que temos hoje, mas já era um precursor. “Naquele ano, sofríamos, na pele, com o recorde de inflação de 2.500%”, lembrou, acrescentando que tudo isso aconteceu num passado muito recente, que essa série de transformações é muito próxima e que muitos de nós temos na memória.


 

Fazendo o retrospecto, Keller chegou a 2003, quando, depois de uma caçada, o ditador Sadam Hussein foi preso e acabou sendo morto três anos depois. Há 20 anos, o Governo Federal criou a primeira versão do Bolsa Família e Steven Spielberg dirigiu o Jurassic Park. “As transformações estão escancaradas na nossa frente. E no segmento de matcon também estão acontecendo transformações?”, questionou. A resposta é sim. E as transformações não são apenas aquelas mais previsíveis.
Ele comentou que algumas coisas eram comuns há 20, 30 anos. Por exemplo, o cliente de material de construção era, prioritariamente, homem e muito do faturamento das lojas era oriundo das vendas para os profissionais. Lembrou que as lojas abriam cedo para atender a esse público formado de pedreiros, encanadores e pintores, que passavam no ponto de venda e faziam suas compras e iam para o trabalho.
O mix também era diferente. Nesse passado recente, o grande resultado do faturamento das lojas era proveniente da venda de material bruto, como areia, tijolo, cimento e ferro, que têm baixo valor agregado, mas geram grande custo de armazenamento, logística e movimentação, mas era um olhar naquele momento.
Fisicamente, eram lojas de balcão com atendentes. Os fornecedores também estavam em busca de clientes varejistas para ampliar sua capilaridade e que as lojas fossem a grande fonte de distribuição dos seus produtos. Para tanto, investiam pesado em campanhas, material promocional e em visual merchandising. “Há 20, 30 anos, a loja era, basicamente, um catálogo para o cliente comprar matcon”, reforçou.
O que mudou nesses últimos anos e o que o negócio de cada um mudou? Ele destacou que as mudanças vão continuar. “Não espere. Prepare-se para o que vai acontecer daqui a cinco anos, quando chegar ao mercado de trabalho para trabalhar nas empresas ou para ser os clientes, a geração alfa, os nascidos a partir de 2010. Eles têm outro jeito de pensar e, daqui para frente, é para eles que teremos que olhar. Eles vêm com uma concepção completamente diferente do que estamos acostumados”, reforçou.


Em seguida, o assunto abordado foi “A Tecnologia aliada à estratégia: construindo canais de vendas”, cuja palestra foi ministrada por Odair da Rosa, diretor da plataforma de vendas Magazord.
Em sua palestra, ele falou sobre o consumo acelerado nas vendas pela internet. Segundo ele, no Brasil, em 2022, foram realizadas quase R$ 170 bilhões no e-commerce, a expectativa para 2023 é de R$ 185 bilhões e para 2026, essa cifra deve chegar a R$ 232 bilhões.
Segundo ele, é preciso olhar para o digital para entender as oportunidades de consumo que existem no Brasil, que é um país de dimensões continentais. Rosa comentou que a perspectiva é que o País ultrapasse os 100 milhões de consumidores digitais. “São 100 milhões de potenciais consumidores, que moram em algum lugar, precisam cuidar de suas casas e que podem comprar pela internet”, salientou.
O diretor observou que, além de uma população gigantesca, o Brasil é o segundo país em que as pessoas passam mais tempo na internet. Nesse cenário, é preciso saber como o matcon está se posicionando na internet, já que o consumidor passa mais de 9h on-line todos os dias. “Como os empresários estão criando possibilidades para que esse consumidor compre da sua empresa?”, perguntou.
Segundo ele, a transformação não é só digital, mas de comportamento porque o cliente que já compra em determinada loja, agora, está comprando de outra forma.
O palestrante destacou outra característica do Brasil: todos nós falamos a mesma língua, o que torna a comunicação muito assertiva. Esse cenário é diferente de países como a China e Índia, por exemplo, onde existem muitos dialetos.
Ele citou alguns elementos chave para os lojistas pensarem na estratégia digital e como devem se posicionar na internet. Um deles é a proposta de valor e entender qual o valor que a empresa entrega ao mercado. Nesse sentido, a loja deve planejar como ela vai se posicionar na internet, ou seja, a loja vai competir na internet com preço? Se for preço, a loja deve ter um produto “isca” para ser o chamariz, levar os consumidores até o seu site e ter a chance de vender outros itens.
Outro critério pode ser a marca, ou seja, a loja ser especialista e as pessoas reconhecerem o produto pela marca; o design, oferecer um produto só a sua loja vai ter ou disponibilidade. “Às vezes, o cliente está disposto a pagar mais caro porque a loja tem o produto disponível. Isso é um ponto muito importante”, comentou.

Daniele Alonso, deputada Estadual e presidente da Acomac Oeste de São Paulo, fez uma apresentação sobre “Organização e Desenvolvimento através da representatividade política e institucional”. Ao iniciar sua apresentação, a deputada chamou o pai, Daniel Alonso, ao palco para falar de como tudo começou nas lojas Casa Sol, em Marília, no interior paulista, antes da política entrar na vida da família.
Ela falou sobre a criação da Frente Parlamentar em Defesa do Comércio Material de Construção. Explicou o que é a frente e qual o objetivo da iniciativa. A deputada disse que os lojistas ligam a indústria, a política e o consumidor final. “Tudo passa por nós. É na loja em que chegam as informações, onde são sentidas as dores e de onde saem as mercadorias. Nós fazemos essa conexão”, salientou.
Na sua análise, a pandemia, momento em que o setor se uniu para garantir a abertura das lojas, comprovando a essencialidade do matcon, revelou o quanto é importante ter representatividade política no segmento. Ela lembra que, na crise sanitária, acionou o deputado Federal, Capitão Augusto, atual presidente da Frente Parlamentar, para tomar, com todo o setor, tomar alguma atitude. E lembrou que a soma de esforços da Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção (Anamaco), das Associações dos Comerciantes de Material de Construção (Acomacs) e dos lojistas culminou com o segmento reconhecido como essencial. “Estamos mergulhados no propósito de fortalecer o nosso setor”, frisou.
Daniele disse que conta com uma equipe responsável por visitar os pequenos lojistas para entender suas necessidades. Com isso, pretende desenvolver projetos e chamar a atenção do governo para o ramo de material de construção.
A deputada também chamou o capitão Augusto ao palco. Ele frisou que há quatro milhões de moradias precisando de reparos no Brasil. Por isso, uma linha de crédito para reformas se faz necessária. “Nosso papel é fazer com que vocês não desacreditem da política. Mas cobrem os políticos e comecem a se interessar e apresentar as demandas do nosso segmento. Agora, as lojas de material de construção têm representatividade política”, finalizou Daniele.

 

O encerramento da manhã ficou sob a responsabilidade do comentarista político Caio Copolla, que abordou o temaOs novos rumos da economia e da política no Brasil e os impactos na vida empresarial”. Segundo ele, o ano de 2023 foi marcado por uma transição bruta na política. Na sua avaliação, a guerra de informação foi decisiva no resultado das últimas eleições presidenciais.
O palestrante fez críticas ao governo, dizendo que saíram de cena as ideias para fortalecer a Pátria e o indivíduo para entrar em cena um grupo que deseja interferir na vida das pessoas, aumentando o poder do Estado. “Dessa forma, quer interferir na economia, na liberdade e no comportamento das pessoas”, disse.
Copolla fez uma avaliação sobre o atual governo federal, disse que paira uma insegurança jurídica em alguns setores e falou sobre o ramo de matcon, que é composto, em sua grande maioria por empresas familiares, que já sobreviveram a momentos de hiperinflação.
Na sua opinião, o segmento de material de construção vive um cenário positivo, exceto se a ingerência governamental for grande e desacelere a economia. “Tirando essa situação, que é improvável, haverá mais crédito, com programas moradia popular e de reformas, além de construção de escolas técnicas. Há leve recuperação do emprego e inflação sobre controle, o que favorece o consumo. Os índices estão equilibrados. Há tendência de queda de juros e recuperação de linhas de crédito. O segmento de material de construção está blindado porque deverá haver grande injeção de recursos do governo”, observou.

A cobertura completa do Ecomac Sul poderá ser conferida na edição impressa da Revista Anamaco.

Fotos: Beth Bridi/Grau 10 Editora e Juliana Ferreira/Anamaco

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