Varejo aposta no futuro
Texto: Redação Revista Anamaco
A Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção (Anamaco) divulgou, hoje - 15 de fevereiro -, o resultado do Termômetro Anamaco, pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre).
De acordo com o estudo, a percepção de alta nas vendas recuou em janeiro, passando de 37% para 33% na comparação com dezembro. Já as assinalações de queda, aumentaram de 23% para 35%, enquanto a estabilidade recuou de 40% para 31% no mesmo período. Com isso, a diferença entre as assinalações de alta e de baixa, que era de 15 p.p. em dezembro em favor da percepção otimista virou, passando a 3 p.p. em favor da percepção de queda.
No mês, o maior nível de pessimismo foi observado no Norte, possivelmente refletindo os efeitos da sazonalidade de janeiro e do agravamento da pandemia. Nessa Região, o sentimento de redução nas vendas foi destacado por 49% dos entrevistados, seguindo-se a Região Sul (47%). Esse indicador de pessimismo foi menos pronunciado no Sudeste (34%) e nas regiões Nordeste e Centro- Oeste (31% em ambas). Em janeiro, o destaque de assinalações de crescimento ficou por conta do Sudeste (37%), seguido do Nordeste (31%).
Considerando as empresas segundo as principais categorias de produtos vendidos, os mais pessimistas foram as lojas de material hidráulico, com 51% de assinalações de queda. Em seguida, vieram as especializadas em material de pintura (43%). A percepção de estabilidade nas vendas foi destaque nos segmentos de material elétrico (47%) e revestimento cerâmico (40%).
Nas empresas de material básico, as percepções de queda e de estabilidade empataram (38%). O diferencial entre assinalações de alta e de queda em janeiro mostrou predomínio da percepção pessimista em quatro das cinco especialidades analisadas, tendo chegado a 29 p.p. no caso de material hidráulico e a 12 p.p. no caso de material de pintura. A exceção foi o segmento de material elétrico, no qual a percepção de crescimento nas vendas, mesmo sendo menor que a de estabilidade, superou as assinalações de queda em sete pontos percentuais.
Recuo no trimestre
A pesquisa mostra, ainda, a percepção dos varejistas nos últimos três meses. Sob esse aspecto, em janeiro, a visão dos revendedores apresentou novo recuo. Dessa forma, as assinalações de alta foram de 39% do total de entrevistas contra 44% em dezembro. No mesmo período, a percepção de estabilidade passou de 43% para 38% e a de queda avançou de 14% para 22%.
No recorte regional, a percepção de vendas estáveis foi destaque em janeiro. No Centro-Oeste e no Sul, essa foi a assinalação predominante (48% e 43%, respectivamente), superando a percepção de alta (que foi de 35% e 36%). No Norte, essas duas assinalações praticamente empataram (38% de estabilidade e 37% de percepção de alta). No Sudeste e no Nordeste, a percepção de crescimento nas vendas permaneceu praticamente estável frente a dezembro e, em janeiro, continuou superando as assinalações de estabilidade.
Levando em conta os estabelecimentos segundo a principal categoria de produto comercializada, os resultados da pesquisa mostraram predominância da percepção de estabilidade com relação aos últimos três meses em produtos básicos (41%), material elétrico (50%), material hidráulico (40%) e revestimento cerâmico (45%). A exceção nesse aspecto foram as lojas especializadas em material de pintura, onde predominaram as assinalações de crescimento (45%). Merece destaque o segmento especializado em material hidráulico, no qual as assinalações de queda nas vendas superaram as de alta nos últimos três meses: 38% contra 22%, respectivamente.
Expectativas cautelosas
No que se refere às expectativas para os próximos meses, depois de atingir um valor mínimo em novembro (apenas 32% das respostas), a expectativa de alta nesse quesito subiu com força em janeiro, tendo chegado a 53%, nível mais alto da série iniciada em junho.
Em termos locais, as perspectivas de crescimento registraram alta em todas as grandes regiões do País. A maior variação foi observada no Sul (18 p.p.), seguida pelo Sudeste (15 p.p.) e Centro-Oeste (11 p.p.). No Norte e Nordeste essas altas foram de 10 p.p. e 3 p.p., respectivamente. As assinalações de queda se reduziram de forma também generalizada, não passando de 20%.
Considerando os varejistas segundo as principais categorias de produtos vendidos nota-se que, em janeiro, os mais otimistas quanto ao futuro eram as lojas especializadas em artigos de pintura (55% de respostas), seguidas pelos revendedores de produtos básicos (54%). Em todas as especialidades predominou a avaliação otimista sobre as vendas nos próximos meses, com assinalações de alta acima de 50%, à exceção de material hidráulico (45%).
O estudo aponta ainda, que as expectativas dos varejistas quanto às ações do governo para os próximos 12 meses registraram queda importante em janeiro. É a primeira vez na série iniciada em junho que se observa uma queda de 10 p.p. nesse indicador. Com isso, também pela primeira vez na série do Termômetro Anamaco, as respostas otimistas ficaram abaixo do patamar de 50%.
Em sentido contrário, as assinalações pessimistas voltaram a crescer em janeiro depois de relativa estabilidade em dezembro, chegando ao patamar de 28%, ligeiramente acima das assinalações de indiferença (26%).
Regionalmente, o Sudeste foi decisivo para a queda no otimismo quanto às futuras ações do governo. Nessa Região, as assinalações positivas recuaram 13 p.p. frente a dezembro, chegando a 38%. Quedas menores foram observadas em todas as demais regiões do País, exceto no Centro-Oeste, onde as respostas otimistas ficaram no mesmo patamar do mês anterior (67%).
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